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China encara pior surto de coronavírus em 6 meses e descarta fim da Covid zero

Aumento de casos, baixo em comparação a outros países, representa desafio para regime às voltas com expectativa de reabertura

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São Paulo

Dias após o surgimento de rumores de que a política de Covid zero enfim chegaria ao fim, a China enfrenta um novo surto de coronavírus, o pior em seis meses. O país registrou 7.475 casos da doença nesta segunda-feira (7), crescimento de mais de 30% em relação ao dia anterior, segundo dados oficiais.

Trata-se de um aumento modesto se comparado a taxas de infecção de outros países. Mas é expressivo para a China, onde surtos do tipo têm sido controlados assim que surgem, com medidas que incluem a imposição de lockdowns a cidades e províncias inteiras, o fechamento de fábricas e de estabelecimentos comerciais e o confinamento de milhões de pessoas em suas casas por semanas, às vezes meses.

Homem é testado para Covid em rua no distrito de Jing'an, em Xangai - Hector Retamal - 7.nov.22/AFP

O principal foco atual é Guangzhou, pólo fabril no sul do país que na segunda-feira registrou 2.377 novas infecções, a maior cifra desde o início da crise. São quase 500 casos a mais em relação ao dia anterior e um salto dramático em relação aos números de dois dígitos que apresentava duas semanas atrás.

Segundo o jornal South China Morning Post, as infecções na cidade estão sendo guiadas por uma variante descoberta em Xangai em julho, a ômicron BA.5.2 —diferente, portanto, da linhagem que vem provocando aumentos de casos nos Estados Unidos, na Europa e, mais recentemente, no Brasil, a BQ.1.

Ainda de acordo com o veículo, o regime chinês ordenou a realização de testes de detecção da Covid nos nove distritos de Guangzhou em que foram reportados 90% dos casos e declarou quarentena em um dos bairros, Haizhu, no centro da cidade. Uma residente do distrito afirmou, no entanto, que mesmo as autoridades falavam em um "lockdown teórico", já que boa parte das medidas de prevenção não é obrigatória —depende da vontade da população de seguir as recomendações estatais.

Além de Guangzhou, Pequim e outras cidades vitais para a economia do país, como Zhengzhou e Chongqiing, também registraram altas de casos e adotaram medidas semelhantes. Na última, oficiais fecharam caraoquês, boates e outros locais de lazer citando uma situação "complexa e severa". Até agora, não houve, entretanto, anúncios de um lockdown como o que paralisou Xangai por mais de dois meses.

A alta dos casos testa também a habilidade da China de manter o rígido controle que exerceu nos últimos três anos sobre a pandemia. Especialistas afirmam que a política adotada fez com que a taxa de vítimas da Covid no país asiático fosse muito menor do que aquelas vistas no resto do mundo —oficialmente, houve 5.000 mortos em decorrência do coronavírus na China, uma fração dos quase 700 mil no Brasil.

Mas esses números são questionados em razão da falta de abertura do regime.

Reportagem recente do americano The Wall Street Journal afirma que líderes do Partido Comunista Chinês discutem uma reabertura gradual, preocupados com o impacto da Covid zero para a segunda maior economia mundial e com o descontentamento da população. Em outubro, a poucos dias do início do congresso da legenda que levaria Xi Jinping a um inédito terceiro mandato, a capital chinesa viu cartazes com críticas à política espalhados pela cidade, em um raro protesto contra a ditadura.

Ao mesmo tempo, os dirigentes se preocupam com as consequências dessa eventual reabertura para o frágil sistema de saúde pública e, consequentemente, para o próprio partido.

Com Reuters

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