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China registra raro protesto contra Xi e Covid zero antes de congresso de partido

Faixas retiradas pela polícia em Pequim chamavam líder do regime de ditador e pediam fim de restrições

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Pequim | Reuters

A poucos dias do início do 20º Congresso do Partido Comunista da China, a capital Pequim registrou nesta quinta-feira (13) raros protestos contra a política de controle do coronavírus posta em prática pelo regime. Imagens que circulam nas redes sociais mostram que cartazes com críticas foram colocados em partes da cidade.

Incomum, a pequena mobilização, prontamente dispersada por policiais, se dá quando a região está com segurança reforçada em preparativo para o evento no qual, ao que tudo indica, o líder Xi Jinping será alçado a seu terceiro mandato à frente da potência asiática.

Pessoas caminham perto de cartaz com foto de Xi Jinping, líder do regime chinês, durante exibição sobre o combate à pandemia de Covid no país, em Pequim - Nicolas Asfouri - 15.jan.21/AFP

Xi, que raramente recebe menção explícita nos escassos protestos no país, foi citado em alguns dos cartazes. "Vamos fazer greve nas escolas e nos espaços de trabalho e remover do poder o ditador e traidor Xi Jinping", dizia um deles.

Outros versavam sobre a chamada política de Covid zero adotada no país —e criticada inclusive por órgãos como a OMS (Organização Mundial da Saúde). "Não queremos mais testes de Covid, queremos comer; não queremos mais bloqueios, queremos ser livres", lia-se em outra mensagem com letras vermelhas.

Segundo informações da rede britânica BBC, Pequim endureceu as medidas de proteção contra a doença para conter pequenos surtos observados nos dias que antecedem o congresso. Milhões de residentes têm sido obrigados a realizar testes para a detecção do vírus de três em três dias.

Autoridades limitaram o número de pessoas permitidas a entrar na capital e têm desencorajado residentes a sair. Pessoas que recentemente viajaram para outras cidades relatam que suas carteiras virtuais de saúde, que devem ser apresentadas para cruzar fronteiras, de repente começaram a apontar que elas podem estar com Covid, o que as impede de fazer novas viagens.

Vídeos em redes sociais como o Twitter, bloqueado no país, mostravam fumaça perto de uma estrada onde antes podiam ser vistas as faixas com críticas, no distrito de Haidian, onde estão localizadas várias universidades chinesas renomadas.

Nas poucas plataformas de mídia permitidas e fortemente vigiadas no país, termos de pesquisa relacionados ao ocorrido não encontravam resultado. Mas era possível ver referências indiretas ao episódio.

"Havia uma pessoa corajosa em Pequim hoje", escreveu um usuário, ao lado de emojis com polegares para cima e rosas. Outros, no WeChat, compartilharam a música "Sitong Bridge", de mesmo nome da ponte onde algumas das faixas foram colocadas. Depois, a canção foi censurada em vários aplicativos de música.

Mais cedo, Hu Xijin, uma das vozes pró-nacionalismo chinês mais inflamadas, ex-editor do jornal oficial Global Times, escreveu no Twitter que "a epidemia de Covid foi bem controlada [na China]". "Em Pequim, não há insatisfação pública pelo método de controle da pandemia como há em lugares mais afastados do país."

O tuíte, porém, foi apagado. E outra mensagem foi publicada em seu perfil pouco depois, desta vez em tom mais comedido. "A estabilidade política da China é sólida; o país está se desenvolvendo muito bem, e a vasta maioria das pessoas apoia o Partido Comunista Chinês, esperando estabilidade e se opondo a convulsões."

O país parece estar longe de mudar ou afrouxar a política de combate ao coronavírus, que desde o início da pandemia levou a relatos de insatisfação. Nesta quarta (12), um importante conselheiro do regime disse que não há cronograma para abandonar a política de Covid zero.

Segundo relato do jornal honconguês South China Morning Post, Liang Wannian, chefe de uma equipe de resposta à doença, disse que autoridades "têm trabalhado arduamente para vender a pandemia". "Mas, nesse estágio, é difícil dizer em qual mês teremos definitivamente chegado nesse estágio. Cientificamente, não é possível definir uma data."

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