Descrição de chapéu Governo Biden

Departamento de Justiça dos EUA nomeia procurador independente para investigar Trump

Jack Smith, com histórico no Tribunal de Haia, será responsável por apurar casos que podem complicar ex-presidente

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Washington | Reuters e AFP

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos nomeou nesta sexta-feira (18) um procurador independente para assumir investigações criminais contra o ex-presidente Donald Trump. Jack Smith será responsável por apurar possível uso indevido de documentos ultrassecretos da Casa Branca e o papel do republicano em relação à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro do ano passado.

A nomeação foi feita três dias após Trump anunciar sua pré-candidatura à Presidência para 2024, numa decisão que procura também deslegitimar investigações que o envolvem. De acordo com o secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, a indicação de um procurador especial para apurar temas delicados ao republicano se tornou necessária com o movimento.

"A nomeação reforça o compromisso do departamento com a independência e a responsabilidade em assuntos particularmente delicados", disse Garland, segundo o jornal americano The New York Times.

O secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, anuncia em Washington promotor independente para investigar Trump
O secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, anuncia em Washington procurador independente para investigar Trump - Evelyn Hockstein/Reuters

O ex-presidente criticou o processo de nomeação e afirmou à Fox News que a decisão do Departamento de Justiça é "política e injusta". Ao longo das investigações, Trump vem alegando ser vítima de perseguição e do que chama de "caça às bruxas" —ele nega irregularidade nos casos em que é investigado.

Smith vinha atuando como procurador-chefe do Tribunal de Haia, que investiga crimes de guerra. Antes, supervisionou a seção de integridade pública do Departamento de Justiça dos EUA e trabalhou como promotor federal e estadual em Nova York.

Em comunicado, ele enfatizou o compromisso em conduzir investigações e quaisquer desdobramentos de forma "independente e de acordo com as melhores tradições do Departamento de Justiça". Também prometeu esforços para que os processos avancem rapidamente.

A Casa Branca não esteve envolvida na escolha de Smith, segundo a agência de notícias Reuters, citando uma fonte sob condição de anonimato. Após o anúncio, o presidente Joe Biden evitou responder a questionamentos sobre a nomeação.

Trump foi alvo de investidas feitas por autoridades nos últimos meses. Em agosto, agentes do FBI, a polícia federal americana, fizeram uma operação numa propriedade do ex-presidente na Flórida em busca de materiais que ele levou da Casa Branca, incluindo caixas com documentos confidenciais.

Antes, em fevereiro, o Arquivo Nacional da Casa Branca precisou mandar buscar na casa do ex-presidente 15 caixas de documentos retirados indevidamente da sede do Executivo, incluindo correspondências trocadas com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un. O republicano foi acusado, em diversas ocasiões, de destruir documentos, enquanto ocupava a Presidência para evitar investigações.

Em outra frente, autoridades investigam o envolvimento de Trump nos eventos que levaram ao ataque de 6 de Janeiro contra o Capitólio. Como parte da investigação, o Departamento de Justiça passou a ouvir pessoas próximas ao republicano como testemunhas.

Na ocasião, uma turba de apoiadores insuflada pelo político invadiu o prédio do Congresso buscando interromper a sessão de certificação da vitória de Biden nas eleições. Trump alegava —e continua a fazê-lo hoje, sempre sem provas— que o pleito teria sido fraudado; a Justiça americana nunca encontrou nenhuma evidência de que isso pode ter ocorrido.

As investidas sobre Trump são incomuns na história recente dos EUA. Quando o também republicano Richard Nixon renunciou ao cargo de presidente em 1974 em meio ao escândalo de Watergate, recebeu do seu vice e sucessor, Gerald Ford, "perdão total, livre e absoluto por todas os crimes" que "cometeu ou possa ter cometido ou participado" durante o mandato.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.