Descrição de chapéu refugiados União Europeia

Europa recebe maior número de pedidos de asilo desde crise migratória de 2015

Sírios e afegãos seguem entre os principais requerentes; ucranianos conseguem refúgio temporário

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São Paulo

O número de pedidos de asilo na Europa em agosto atingiu o recorde em sete anos, informou a União Europeia nesta quarta-feira (9). Cerca de 84,5 mil pessoas apresentaram formulários para morar de forma definitiva em países do bloco, aumento de 16% em relação ao mês anterior.

Afegãos e sírios ainda são os que mais buscam refúgio na Europa, cerca de 30%. Desde agosto do ano passado, o Afeganistão voltou a ser governado pelo Talibã, grupo extremista responsável por perseguir opositores e suprimir direitos das mulheres. Já a Síria sofre com a guerra civil em curso desde 2011.

Migrantes próximos ao campo de refugiados de Pournara, em Kokkinotrimithia, no Chipre
Migrantes próximos ao campo de refugiados de Pournara, em Kokkinotrimithia, no Chipre - Yiannis Kourtoglou - 28.out.22/Reuters

Também foram registrados aumentos de solicitações de pessoas da Índia, de Bangladesh, do Marrocos e da Turquia. De acordo com a Agência de Asilo da União Europeia, órgão responsável por protocolar os pedidos, 4.600 turcos se inscreveram para o asilo no continente europeu, o maior número desde 2014.

Já os requerimentos de paquistaneses, tunisianos e georgianos, nacionalidades que geralmente também estão entre as principais na lista, mantiveram-se constantes.

O número de candidaturas registradas em agosto corresponde a cerca de metade da cifra observada entre setembro e novembro de 2015, quando a Europa viveu o ápice da crise migratória, desencadeada pela chegada de milhares de refugiados de países da África e do Oriente Médio.

Assim como na época, aponta a UE, as nações dos Bálcãs são hoje as principais portas de entrada para os refugiados no continente. A presença de sírios nessa rota dobrou entre abril e agosto deste ano.

Paralelamente, a Europa continua recebendo milhões de ucranianos que fogem da invasão russa. Nesse caso, porém, a maioria dos requerimentos é feita por meio de um sistema que garante a estadia temporária no continente –só em agosto, foram 255 mil inscrições do tipo, quase todas de ucranianos.

Segundo a ONU, quase 8 milhões de pessoas entraram na Europa fugindo da Guerra da Ucrânia desde 24 de fevereiro. Desses, cerca de 4,7 milhões conseguiram proteção temporária por parte da União Europeia.

Os números dialogam com análises sobre a acolhida de refugiados no mundo. Em julho, uma pesquisa com mais de 20 mil pessoas em 28 países apontou que refugiados ucranianos são mais aceitos pelas nações do que afegãos, sírios e os que fogem de desastres humanitários em outros lugares do mundo.

De acordo com o levantamento, realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos, 54% dos entrevistados afirmaram apoiar que seu país receba refugiados ucranianos, e apenas 15% se disseram contrários. Quando o tópico era afegão e sírios, por outro lado, a aceitação foi de apenas 30% e 32%, respectivamente.

A divulgação dos números nesta quarta acontece quando ao menos 200 imigrantes estão presos em um navio no mar Mediterrâneo, há duas semanas, esperando a autorização do governo italiano para desembarcar na Sicília –o que já foi descartado pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.

O navio, de propriedade de uma ONG de resgate de refugiados, segue agora para a costa da França, onde espera receber autorização para atracar em algum porto do país. Não é certo, porém, que isso ocorrerá. Nesta quarta, o porta-voz do governo francês disse que "as regras europeias são muito claras" e que o navio precisa ser recebido pela Itália, já que se encontra em águas territoriais italianas.

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