Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia

G20 se volta para explosão na Polônia, e Biden diz ser incerto que míssil tenha partido da Rússia

Americano diz após reunião de emergência com líderes que próximos passos dependem de esclarecimento dos fatos

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Bruxelas | Reuters

Líderes do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, manifestaram preocupação com a explosão nesta terça-feira (15) que matou ao menos duas pessoas na Polônia, perto da fronteira com a Ucrânia, e defenderam que o tema seja debatido durante a cúpula da organização que termina nesta quarta (16) em Bali, na Indonésia.

A hipótese de um ataque feito pela Rússia contra o país que é membro da Otan, a aliança militar ocidental, fez aumentar a tensão e a possibilidade de desdobramentos mais graves da Guerra da Ucrânia, que se desenrola há mais de oito meses. O Kremlin nega envolvimento na ação.

O presidente dos EUA, Joe Biden (centro), e outros líderes do G7, durante reunião de emergência nesta terça-feira (15) para discutir ataque na Polônia; discussão ocorreu em meio ao encontro do G20, na Indonésia - Saul Loeb/AFP

O presidente americano, Joe Biden, convocou uma reunião para a manhã de quarta, ainda noite de terça no Brasil, com o objetivo de discutir o episódio. Além dos Estados Unidos, estiveram no encontro líderes de Alemanha, Canadá, Holanda, Japão (único não membro da Otan), Espanha, Itália, França, Reino Unido e União Europeia.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, já havia afirmado que proporia uma reunião com os líderes da UE presentes em Bali. Ele disse ter conversado com o premiê polonês, Mateusz Morawiecki, para se manter a par da situação.

A proposta tinha o apoio de Emannuel Macron, que também esteve em contato com autoridades polonesas. O francês disse que as reuniões serão importantes para aumentar a conscientização sobre o conflito no Leste Europeu.

Depois do encontro, em uma rápida fala, Biden disse, sem entrar em detalhes, que informações preliminares com base nas possíveis trajetórias do míssil sugerem que ele pode não ter sido disparado do território da Rússia. Segundo o chanceler polonês, o artefato é de fabricação russa.

"Não quero dizer isso até que as investigações sejam concluídas, mas é improvável, observando as linhas da trajetória, que [o artefato] tenha sido disparado da Rússia", disse o democrata. "Veremos".

De acordo com a CNN americana, uma autoridade da Otan informou que uma aeronave polonesa chegou a rastrear o míssil que atingiu o país. A análise não apontou a localização de que o artefato foi disparado, mas as informações foram encaminhadas à aliança militar e ao governo da Polônia.

Biden garantiu que os EUA e os países da Otan vão investigar a fundo o episódio antes de tomar qualquer decisão. A aliança militar tem como princípio a defesa coletiva —ou seja, a garantia de proteção militar a qualquer membro do bloco; na prática, um ataque a um Estado da organização pode ser considerado uma ofensiva contra todos os demais.

O governo polonês informou que o país avalia acionar o Artigo 4 da Otan, que prevê que membros da aliança façam consultas internas sempre que, na opinião de qualquer um deles, "a integridade territorial, a independência política ou a segurança de qualquer uma das partes estiver ameaçada".

Ainda que os EUA liderem os esforços de apoio a Kiev na guerra contra a Rússia, Biden fez acenos ao Kremlin nos últimos meses, pedindo nos bastidores que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, aceite a ideia de uma negociação.

Outros líderes de países europeus manifestaram solidariedade à Polônia logo após a explosão. O vice-primeiro-ministro da Letônia, Artis Pabriks, disse apoiar Varsóvia e subiu o tom contra Moscou. "O regime criminoso russo disparou mísseis que atingiram não apenas civis ucranianos, mas também o território da Otan na Polônia", escreveu nas redes sociais. "A Letônia apoia totalmente os amigos poloneses e condena este crime."

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que o país está monitorando a situação de perto e mantém contato com Varsóvia e a Otan. "Meus pensamentos estão com a Polônia, nossa aliada e vizinha", escreveu nas redes sociais. O premiê belga, Alexander De Croo, condenou "veementemente" o que chamou de incidente na Polônia. "Somos todos parte da família Otan."

Autoridades do Japão e do Reino Unido suspenderam outros compromissos que estavam previstos para esta quarta na Indonésia.

Mais cedo, o Kremlin promoveu uma série de ataques contra a Ucrânia, incluindo a capital, Kiev, e a cidade de Lviv, próxima à fronteira com a Polônia, deixando milhares de pessoas sem energia.

No primeiro dia da cúpula do G20, nesta terça, Zelenski, afirmou que esse é o momento para acabar com a "guerra destrutiva" iniciada pela Rússia contra o seu país. Em resposta, o Kremlin declarou, por meio de porta-voz, que as falas do líder ucraniano demonstram que o país não está interessado em estabelecer negociações de paz com Moscou.

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