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Rússia renova ataques contra Ucrânia, atinge Kiev e deixa cidades no escuro

Ucranianos afirmam que investida russa é a mais pesada nos nove meses de conflito

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Kiev | Reuters

As forças da Rússia promoveram ataques generalizados contra a Ucrânia nesta terça-feira (15), incluindo a capital, no que Kiev disse ser a onda mais pesada de ataques com mísseis em quase nove meses de guerra.

As operações atingiram instalações de infraestrutura, mataram ao menos uma pessoa e causaram quedas de energia em diferentes partes do país. Houve relatos de mísseis caindo sobre Kiev, Lviv e Rivne, no oeste, Kharkiv, no nordeste, Krivii Rih e Poltava, na região central, Odessa e Mikolaiv, no sul, e Jitomir, no norte.

Na vizinha Polônia, país que integra a Otan, aliança militar ocidental, uma explosão matou duas pessoas em Przewodow, cidade perto da fronteira com a Ucrânia. O presidente Volodimir Zelenski atribuiu o episódio a mísseis russos, o que Moscou nega —segundo o Kremlin, as acusações visam a escalar as tensões do conflito.

Pessoas se protegem em abrigo na capital da Ucrânia após ataques russos que destruíram fornecedoras de energia - Serguei Supinski -15.nov.22/AFP

O episódio disparou uma série de consultas diplomáticas entre países europeus e integrantes da coalizão —que tem como premissa a defesa coletiva, que garante proteção militar a qualquer membro do bloco; na prática, um ataque a um deles implicaria o envolvimento de todos em operações de proteção e resposta.

Na Ucrânia, um corpo foi retirado de um prédio residencial que foi atingido por um míssil e incendiado no centro de Kiev. Um funcionário presidencial do alto escalão disse a jornalistas que a situação era crítica após grandes danos à infraestrutura de geração de energia.

Em um pronunciamento publicado nas redes sociais, Zelenski alertou os ucranianos que mais ataques eram possíveis, mas acrescentou: "Estamos trabalhando, vamos restaurar tudo, vamos sobreviver". A energia foi cortada em áreas de várias outras cidades, incluindo Kiev, Lviv e Kharkiv, e a operadora da rede nacional anunciou suspensões de emergência no fornecimento nas regiões norte e central do país.

O presidente do país participou nesta terça de reunião do G20, grupo das principais economias do planeta, e disse que o momento, em meio a reveses recentes de Moscou no front, era o ideal para encerrar o conflito.

Vitali Klitschko, prefeito de Kiev, disse que metade da capital ficou sem eletricidade. O prefeito de Lviv afirmou que 80% do município não tinha luz, então os suprimentos de iluminação, água e aquecimento foram desligados. Autoridades de Vinnitsia, no centro-oeste da Ucrânia, foram instruídas a estocar água após danos a uma estação de bombeamento.

"Este é o bombardeio mais maciço do sistema de energia desde o início da guerra", afirmou o ministro da Energia, German Galushchenko.

Segundo o porta-voz da Força Aérea, Iuii Ihnat, mais de cem mísseis teriam sido disparados contra a Ucrânia, superando os 84 enviados pela Rússia em 10 de outubro, no que anteriormente eram os ataques aéreos mais pesados.

A maior operadora de telefonia móvel do país alertou sobre possíveis interrupções de sinal e o sistema de transporte sofreu disrupções em várias áreas.

Ainda na capital, um bloco de apartamentos de cinco andares ficou destruído depois de ser atingido pelo que os moradores disseram parecer ser partes de mísseis derrubados. Equipes de resgate e médicos chegaram rapidamente ao local.

"Eu estava no apartamento durante o aviso de ataque aéreo. Vi uma luz brilhante na minha janela e entendi que algo estava vindo. Então ouvi o som, que estava se aproximando", disse Oleksandra, 22, que mora no bloco de apartamentos.

"Vi da minha janela enquanto o foguete voava, um fogo brilhante e o som de algo voando muito perto. Eu imediatamente saí. Vi pessoas correndo para fora do nosso prédio e que havia fumaça. O último apartamento em que morei também foi atingido. Felizmente eu estava no exterior na época."

Os ataques ocorrem dias após a retirada das forças russas da cidade de Kherson, no sul, e coincidem com a cúpula do G20 em Bali, dominada pela discussão sobre a guerra.

"Isso é o que a Rússia tem a dizer sobre a questão das negociações de paz", escreveu o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, no Twitter. "Parem de propor que a Ucrânia aceite ultimatos russos! Este terror só pode ser detido com a força de nossas armas e princípios."

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