Zelenski diz ao G20 que momento é oportuno para acabar com a Guerra da Ucrânia

Líderes das economias mais desenvolvidas do mundo se reúnem em Bali, na Indonésia

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nusa Dua (Indonésia) | AFP

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, fez críticas ao que chamou de "ameaças nucleares malucas" feitas pela Rússia nos últimos meses e afirmou aos líderes do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, que este é o momento para acabar com a "guerra destrutiva" iniciada pelo Kremlin contra o seu país há mais de oito meses.

Em resposta, o Kremlin declarou, por meio de porta-voz, que as falas de Zelenski demonstram que a Ucrânia não está interessada em estabelecer negociações de paz com Moscou.

Líderes das principais economias mundiais se reúnem para o encontro do G20, que começou às 22h desta segunda (9h de terça no horário local) em Bali, na Indonésia. Segundo o presidente do país anfitrião, Joko Widodo, a cúpula tem como objetivo discutir "economia e desenvolvimento".

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, faz pronunciamento em Kiev
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, faz pronunciamento em Kiev - Genia Savilov - 3.nov.22/AFP

A Guerra da Ucrânia, que se prolonga por mais de oito meses, tornou-se, naturalmente, um dos principais assuntos em debate. Também estão sendo discutidas as crises econômicas desencadeadas pelo conflito, que impactaram no custo da energia e na inflação em muitos países. Não à toa, o encontro é apontado como um dos mais importantes da história da organização.

"Estou convencido de que agora é o momento em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar", disse Zelenski, vestindo a habitual roupa verde, em um dos primeiros discursos do evento. Ainda que a Ucrânia não faça parte do G20, o presidente foi convidado para a cúpula e participou por videoconferência.

O russo Vladimir Putin também era aguardado, mas a sequência de reveses militares no conflito e o mal-estar que sua presença poderia provocar entre uma plateia majoritariamente contrária à guerra o fizeram desistir de comparecer. Ele enviou o ministro das Relações Exteriores Serguei Lavrov, que em julho abandonou um encontro do mesmo G20 após ter sido ignorado por parte dos políticos no evento.

Em relação às ameaças nucleares da Rússia, Zelenski afirmou que "não há e não pode haver qualquer desculpa para esse tipo de chantagem".

Na véspera, o presidente se juntou às comemorações pela retomada da cidade ucraniana de Kherson após oito meses de ocupação russa. O local havia sido tomado pelo Exército russo ainda no início da guerra, e é capital de uma das quatro regiões recentemente anexadas por Putin por meio de referendos considerados ilegais pelo Ocidente.

A retirada das tropas russas da região é considerada uma da mais simbólicas derrotas de Moscou em seus quase nove meses de campanha militar contra o vizinho.

Versão preliminar da declaração dos líderes reunidos no G20 diz que a maioria dos membros condena a Guerra da Ucrânia, mas ressalta que existem "outras visões e considerações acerca da situação e das sanções". O rascunho também afirma ser inadmissível a ameaça ou o uso de armas nucleares, elogia a iniciativa para o escoamento de grãos do mar Negro e ressalta a importância da manutenção do direito internacional para a estabilidade global.

Com a guerra como pano de fundo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o líder da China, Xi Jinping, encontraram-se pela primeira vez na segunda (14), às margens da cúpula. Comunicados posteriores de ambos os lados falaram em manter aberta uma linha de comunicação direta, em um esforço para diminuir as tensões.

Em outro ponto de convergência, os dois líderes reiteraram que uma guerra nuclear nunca deve ser travada, em referência direta às ameaças de Moscou.

Nesta terça, já em seu discurso oficial no G20, Xi fez uma crítica velada à Rússia ao se posicionar contra a "politização, instrumentalização e uso de questões alimentares e energéticas como armas". A fala ecoa acusações da comunidade internacional de que o Kremlin teria interrompido o fornecimento de gás para a Europa e dificultado a exportação de grãos para penalizar o Ocidente por seu apoio a Kiev.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.