Descrição de chapéu Folhajus

Irã condena à morte pela 1ª vez detido em protestos após caso Mahsa Amini

Tribunais do regime teocrático multiplicam condenações de envolvidos acusados de ameaçar segurança nacional

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Teerã | AFP

O Irã sentenciou neste domingo (13) uma pessoa à morte por participar de protestos contra o regime teocrático do país iniciados após a morte da jovem curda Mahsa Amini, em setembro. A notícia vem na esteira de uma série de condenações com penas diversas.

Segundo o portal Mizan News, o condenado à morte teria sido acusado de perturbar a ordem pública e cometer um crime contra a segurança nacional após incendiar um edifício do governo. A pessoa, não identificada, teria ainda sido declarada "inimiga de Deus".

Iranianos que vivem no Chile protestam contra regime teocrático de seu país em frente à sede local da ONU, em Santiago - Ivan Alvarado - 11.nov.22/Reuters

Ainda de acordo com o portal ligado ao Judiciário, mais 800 pessoas foram consideradas culpadas por crimes relacionados aos protestos, elevando a cifra total para mais de 2.000. Metade dos condenados, muitos dos quais aguardam a sentença, seria de Teerã.

Grande parte das acusações diz que manifestantes conspiraram contra a segurança nacional, fizeram propaganda contra o regime iraniano, interferiram na ordem pública, incitaram assassinatos, feriram agentes de segurança ou causaram danos a edifícios públicos.

As cifras se multiplicam nas províncias. O chefe judicial de Hormozgan anunciou neste domingo que 164 pessoas foram acusadas e serão sentenciadas até a próxima quinta-feira. Já seu homólogo em Isfahán disse que 316 casos semelhantes foram apresentados e 12 deles, já julgados.

Organizações internacionais de direitos humanos apontam que mais de 15 mil iranianos foram detidos desde o início das manifestações, mas autoridades iranianas negam o número.

Mahsa Amini tinha 22 anos e morreu quando estava sob custódia da chamada polícia moral. Ela visitava Teerã com a família e estava com o irmão no momento da detenção, que ocorreu porque Amini supostamente não estaria usando o véu islâmico da maneira que manda a lei.

Autoridades alegam que ela morreu em decorrência de um problema cardíaco, mas sua família contesta a versão. Junto com ativistas, diz que Amini foi agredida na delegacia e, por isso, morreu. A jovem era curda, uma minoria já marginalizada no país.

Teerã acusa nações do Ocidente de incentivarem manifestantes. Na última sexta (11), o chanceler iraniano, Hosein Amir-Abdolahian, disse a António Guterres, secretário-geral da ONU, que "certos governos ocidentais incentivam a violência e ensinam os manifestantes a fabricarem coquetéis molotov por meio das redes sociais".

O diplomata afirmou que isso tem facilitado a violência contra agentes de segurança do país e irrigado o terreno para que proliferem ações terroristas de grupos como o Estado Islâmico (EI).

Em seu último balanço, divulgado neste sábado (12), a ONG Direitos Humanos do Irã, com sede em Oslo, na Noruega, afirmou que policiais do país mataram ao menos 326 pessoas desde que os protestos eclodiram. O número incluiria 43 crianças e 25 mulheres.

O assédio policial e judicial do regime contra os manifestantes também tem escalado. O comandante do Exército do Irã, Kiumars Heydari, afirmou na última semana que manifestantes "não terão lugar no país" caso o líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei, ordene uma repressão mais dura. "Se ele assim decidir, desordeiros não terão mais lugar."

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