Menino indonésio de 6 anos é resgatado vivo dois dias após terremoto; veja vídeo

Azka ficou sem água e comida após sua casa desmoronar em tremor no arquipélago asiático

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cianjur (indonésia) | AFP

Azka, um menino de 6 anos, foi resgatado vivo na noite desta quarta (23) por equipes de emergência da Indonésia após passar dois dias sob os escombros de sua casa, destruída no terremoto de magnitude 5,6 registrado no arquipélago na segunda (21).

O episódio surpreendeu voluntários e trabalhadores do governo que, mesmo acostumados com tremores constantes no país, localizado em uma zona sismicamente ativa, relataram nunca ter se deparado com um caso do tipo. O número de mortos chega a 271.

O tremor devastou a cidade de Cianjur, na província de Java Ocidental, a mais populosa do país. Cerca de 40 pessoas continuam desaparecidas, mais de 2.000 ficaram feridas e 61 mil foram deslocadas de seus lares. Ao menos 6.000 trabalhadores de emergência estão mobilizados nas operações de resgate.

Azka sobreviveu sem água e comida. O corpo de sua mãe foi encontrado poucas horas antes, em uma área próxima. E, perto do menino, foi localizado o corpo de sua avó. Azka estava deitado numa cama, com uma almofada por cima do corpo. Apenas 10 centímetros o separavam de um muro de concreto.

"Era um espaço tão estreito, estava escuro e fazia muito calor; não havia espaço suficiente para respirar", disse Jeksen, 28, um voluntário. "Nunca vi algo assim, como seria possível não chorar? Foi um milagre."

O número é incerto, mas muitos dos que morreram no terremoto são crianças, que estavam na escola ou em casa na hora do tremor. Após 72 horas, equipes de emergência têm pouca esperança de encontrar mais casos como o de Azka, que recebeu atendimento médico assim que foi encontrado.

O menino vivia no distrito de Cugenang, um dos mais afetados. Ali, socorristas ainda tentam abrir espaço entre escombros de concreto de um edifício em ruínas para encontrar Cika, uma menina de 7 anos.

Salman Alfarisi, 22, um voluntário, ao lado do menino Azka, 6, que sobreviveu dois dias sob escombros após o terremoto na Indonésia - Stefanno Sulaiman - 23.nov.22/Reuters

Sua mãe, Imas Masfahitah, 34, relatou à agência de notícias AFP que cozinhava na hora do terremoto e que Cika estava brincando do lado de fora. Dois povoados da ilha de Java continuam isolados devido ao bloqueio de vias terrestres pelos escombros.

Além da busca por sobreviventes, o país se concentra no fornecimento de suprimentos, tarefa dificultada por deslizamentos de terra. O chefe da agência de mitigação de desastres do país, Suharyanto, disse nesta quinta-feira (24) que muitos ainda não receberam ajuda e que cerca de 200 voluntários foram mobilizados para distribuir água, comida e fraldas.

Muitos sobreviventes se amontoam em tendas militares montadas perto de vilarejos devastados para receber pacotes de ajuda. Na aldeia de Sukamanah, moradores disseram à agência de notícias Reuters que estão tendo que racionar comida. Ema Hermawati, esposa do líder da aldeia, relatou que falta saneamento —o lixo começou a se acumular e não há água encanada ou banheiros químicos.

Selina Sumbung, diretora-executiva da ONG Save the Children no país, diz que o governo indonésio fez progressos recentes em projetos de infraestrutura, mas, em termos de medidas preventivas contra danos de terremotos, como regras de construção mais rígidas, o investimento é escasso devido a uma governança descentralizada.

"Fazemos parte do G20, somos a maior economia do Sudeste Asiático, temos muitos recursos e muita capacidade", disse ela ao jornal americano The New York Times. Dias antes do mais recente tremor, o país sediou a cúpula do G20 na ilha de Bali.

O presidente Joko Widodo voltou a visitar Cianjur nesta quinta. No Twitter, escreveu que, uma vez que várias vítimas seguem soterradas, o processo de retirada de corpos e, eventualmente, de resgate de sobreviventes segue prioridade do Estado. "Mas enfrentamos obstáculos, como a chuva e os tremores secundários que ainda estão ocorrendo."

Com Reuters e The New York Times

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