O presidente Joe Biden alertou nesta quarta (2) que a indicação de que um candidato pode se recusar a aceitar os resultados eleitorais é um "caminho para o caos". A despeito das coincidências com o cenário brasileiro, ele falava sobre republicanos e o pleito legislativo a ser realizado na semana que vem nos EUA.

Sob a ameaça de perder a ligeira maioria que detém na Câmara e no Senado hoje, Biden vem nas últimas semanas intensificando sua campanha em favor de candidatos democratas e os ataques aos rivais —recentemente, chamou seu antecessor, Donald Trump, e seus apoiadores de semifascistas.

"Há candidatos disputando todos os níveis de cargos que não se comprometem a aceitar os resultados das eleições das quais participam", disse Biden em Washington nesta quarta. "Esse é o caminho para o caos. Não tem precedentes. É ilegal e antiamericano. Você não pode amar seu país só quando vence."

A seis dias das midterms, as eleições de meio de mandato, ele reforçou a visão de que o que está em jogo é a própria democracia. "Num ano normal, não seríamos frequentemente confrontados com o questionamento se o voto que damos irá preservar a democracia ou colocá-la em risco."

O presidente ainda conectou dois episódios para comprovar sua tese. Lembrou do ataque recente à casa da presidente da Câmara, Nancy Pelosi, que terminou com o marido da deputada agredido com um martelo —ele foi operado e não corre riscos. Depois, citou a invasão do Congresso, em janeiro de 2021, por apoiadores de Trump que buscavam suspender a certificação do resultado do pleito presidencial.

"O agressor [de Paul Pelosi] entrou na casa deles perguntando 'onde está a Nancy?'. Essas foram as mesmas palavras usadas pela multidão que invadiu o Capitólio", disse. Na ocasião, parlamentares tiveram de ser levados às pressas para abrigos no prédio, com seus gabinetes invadidos pela turba.

Em um discurso de pouco mais de 20 minutos, Biden pediu aos eleitores que "pensem longamente sobre o momento que vivemos" e voltou a criticar Trump, a quem derrotou em 2020, por esse clima.

"Ele se recusa a aceitar o desejo da população, recusa-se a aceitar que perdeu", disse. O republicano até hoje insiste na mentira de que o pleito foi fraudado —a tese jamais foi provada.

Trump também indica que quer se lançar candidato novamente em 2024. As midterms podem servir de termômetro para essa empreitada. O consenso entre os observadores é de que os democratas devem perder o controle da Câmara e do Senado sob o avanço republicano. "Temos que lembrar quem somos. Somos os EUA. Não há nada além da nossa capacidade se nós o fizermos juntos", afirmou Biden.