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Irã brutal

Repressão violenta a protestos no país leva ONU a criar comissão de investigação

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Mulher iraniana sem o hijab em protesto contra o regime autoritário do país - UGC/AFP

Dois meses depois que a morte de Mahsa Amini desencadeou uma onda de indignação popular no Irã, a nação persa segue em transe.

A jovem curda de 22 anos, recorde-se, foi detida pela polícia moral do regime teocrático sob a acusação de ter violado o código de vestimenta que inclui a exigência do uso do hijab, um lenço que cobre a cabeça. Morreu dias depois, ao que tudo indica, em decorrência de maus-tratos sofridos na prisão.

Desde então, os protestos que eclodiram em diversas cidades vêm ganhando volume e passaram a incorporar pautas que vão além dos direitos das mulheres.

Marcado pela grande diversidade geográfica e etária dos manifestantes, que hoje clamam sobretudo por liberdade e gritam "morte ao ditador", o movimento expõe a profunda insatisfação de parte expressiva da população iraniana com a gerontocracia que governa o país com mão de ferro —e que, até agora, não conseguiu oferecer outra resposta senão repressão.

Segundo a ONG Direitos Humanos do Irã, ao menos 326 pessoas foram mortas durante os confrontos com as forças de segurança —incluindo 43 crianças. Organizações internacionais de direitos humanos apontam ainda que mais de 15 mil iranianos foram detidos desde o início dos protestos.

O regime também tem se valido do assédio judicial. No domingo (13), um manifestante foi condenado à pena capital por perturbação da ordem pública e crime contra a segurança nacional. Estima-se que mais de 2.000 pessoas já tenham sido processadas em decorrência da participação nos atos contra o governo.

Diante da violência sistemática, o Conselho de Direitos Humanos da ONU convocou para o próximo dia 24 uma reunião que deve aprovar a criação de uma missão internacional para investigar os abusos perpetrados pelas forças iranianas.

O encontro multilateral vem na esteira de uma rodada de sanções impostas por EUA e União Europeia a membros da polícia moral e outras autoridades da ditadura teocrática que há 43 anos assola país.

Embora o efeito das medidas seja limitado, e mais possa ser feito na arena diplomática, tais gestos não podem ser menosprezados.

Trata-se de mecanismo que aumenta a pressão internacional sobre o regime e constitui uma importante demonstração de solidariedade à legião de iranianos que vêm arriscando a vida por mais liberdade e justiça em seu país.

editoriais@grupofolha.com

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