Israel chama de 'erro grave' investigação dos EUA sobre assassinato de jornalista palestina

Shireen Abu Akleh foi morta a tiros enquanto cobria operação militar na Cisjordânia ocupada

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Jerusalém | Reuters

O governo de Israel informou nesta segunda-feira (14) que não irá cooperar com nenhuma "investigação externa" sobre o assassinato da jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, ocorrido em maio. Mais cedo, a imprensa americana havia divulgado que o FBI, a polícia federal americana, iniciou esforços para apurar o caso.

Cidadã palestino-americana, Abu Akleh foi morta a tiros enquanto cobria uma operação militar israelense na cidade de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Em setembro, investigações israelenses concluíram que ela provavelmente foi baleada por um soldado do país, sem que tivesse sido alvo intencional dos disparos.

Shireen Abu Akleh em foto tirada por colega durante uma reportagem em Jerusalém em junho de 2021 - AFP

O Ministério Público Militar disse em setembro que não via suspeitas de um ato criminoso "que justificasse uma investigação penal". As Forças Armadas afirmam que as tropas que conduziam as operações estavam sob fogo pesado e revidaram, disparando inclusive contra a área onde Abu Akleh estava, a cerca de 200 metros, sem conseguir identificá-la como jornalista.

Relatório do escritório de direitos humanos das Nações Unidas, porém, indica que Abu Akleh estava com outros repórteres e era claramente identificável com os dizeres de imprensa em seu colete à prova de balas de cor azul. Um colega foi ferido na mesma situação.

A morte de Abu Akleh, um dos rostos mais conhecidos da reportagem sobre o conflito Israel-Palestina por duas décadas, provocou indignação em todo o mundo, principalmente depois que a polícia espancou pessoas que carregavam seu caixão em seu funeral em Jerusalém.

Nesta segunda, notícias de que a Justiça americana não dera o caso por encerrado provocaram reações de autoridades israelenses. "A decisão do Ministério da Justiça dos EUA de investigar a infeliz morte de Shireen Abu Akleh é um erro grave", disse em comunicado o ministro da Defesa de Israel, Benny Gantz.

O Departamento de Justiça dos EUA e o FBI se recusaram a comentar a manifestação do governo israelense, segundo a agência de notícia Reuters.

Outros relatos de testemunhas da morte contestaram a informação de que os soldados israelenses estavam sob fogo vindo da área onde Abu Akleh estava. Autoridades palestinas e a própria família da repórter disseram acreditar que ela tenha sido morta deliberadamente e rejeitaram as declarações feitas por Israel de que havia militantes armados perto de onde ela estava.

"Todas as evidências, fatos e investigações que foram conduzidas provaram que Israel matou Shireen e deveria assumir a responsabilidade por esse crime", disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

A rede Al Jazeera também criticou as conclusões em setembro, condenando "a relutância das forças israelenses em admitir explicitamente seu crime e suas tentativas de eludir as ações judiciais contra os perpetradores".

Um relatório do Departamento de Estado dos EUA em julho concluiu que ela provavelmente foi morta por fogo de uma posição israelense, mas que não havia evidências que sugerissem que ela tenha sido alvejada intencionalmente pelas forças israelenses.

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