Descrição de chapéu União Europeia

BBC tem viés à esquerda, mas busca combatê-lo, diz presidente da emissora

Ex-banqueiro Richard Sharp ainda criticou parcialidade de apresentadores do canal em entrevista a jornal

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Petrópolis (RJ)

O presidente da BBC, Richard Sharp, afirmou, em entrevista ao jornal The Sunday Times publicada no último fim de semana, que a emissora tem tendências à esquerda, mas que elas vêm sendo combatidas.

É a primeira vez que o ex-banqueiro, que esteve à frente dos grupos financeiros Goldman Sachs e JP Morgan, falou à imprensa desde que assumiu o cargo, há quase dois anos. Ele é de direita e já doou 400 mil libras (cerca de R$ 2,5 milhões) para o Partido Conservador britânico, além de ter votado pelo brexit.

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O ex-banqueiro e presidente da BBC, Richard Sharp - BBC/Reprodução

A cobertura feita pela BBC da saída britânica da União Europeia foi, aliás, um dos exemplos do que o executivo chamou de equívocos do canal. Para ele, a vitória da separação do país do bloco após a realização de um plebiscito pegou a emissora de surpresa. "A BBC não entende como o país pensa."

Sharp credita o problema à mentalidade excessivamente cosmopolita da organização. Por isso, o diretor-geral da BBC, Tim Davie, começou a transferir departamentos de Londres para o norte da Inglaterra, para a Escócia e para o País de Gales.

O executivo ainda condenou a conduta de apresentadores como Emily Maitilis, que em maio de 2020 afirmou no programa Newsnight que o governo britânico se fazia de cego enquanto o país inteiro podia ver que Dominic Cummings —então principal assessor do premiê à época, Boris Johnson— tinha viajado de carro com a família e, portanto, desobedecido ao lockdown.

"Nossa função não é fazer campanha, é apresentar os fatos", disse Sharp ao Sunday Times. Ele e Davie estabeleceram um plano com dez resoluções visando a imparcialidade e um noticiário menos enviesado.

O presidente da BBC estendeu sua crítica à cobertura de negócios da emissora, que segundo ele necessita de mais rigor. Elogiando a Bloomberg, afirmou que os correspondentes e editores da empresa que lidera são de primeira linha, mas pecam na área econômica. "Precisamos explicar isso melhor, em especial quando a inflação está forçando o governo e a oposição a tomarem decisões difíceis", disse.

A BBC completou cem anos em outubro. Sharp assumiu o comando da emissora, hoje a maior do mundo em termos de número de funcionários, em fevereiro de 2021, momento em que o veículo enfrentava um escrutínio cada vez maior em torno de questões como salários paritários para homens e mulheres e diversidade, liberação de taxas para pessoas acima dos 75 anos e competição com serviços de streaming.

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