Descrição de chapéu União Europeia

Parlamento Europeu vai investigar acusação de corrupção envolvendo Qatar

Grécia congela ativos financeiros da eurodeputada Eva Kaili, alvo de investigação sobre lavagem de dinheiro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Atenas | AFP e Reuters

O Parlamento Europeu deve abrir em breve uma investigação interna para apurar supostos esquemas de corrupção em suas fileiras envolvendo o Qatar, sede da Copa do Mundo, afirmou nesta segunda-feira (12) a maltesa Roberta Metsola, presidente da Casa.

A eurodeputada afirmou que o caso coloca a democracia europeia sob ataque e que não deve haver expectativa de impunidade. "Nenhum dos responsáveis terá apoio deste Parlamento", disse em Bruxelas.

Eva Kaili, uma das vice-presidentes do Parlamento Europeu, na França - 22.nov.22/Divulgação Parlamento Europeu/Reuters

Mais cedo, a Grécia congelou ativos financeiros da eurodeputada Eva Kaili. Uma das vice-presidentes do Parlamento, no posto desde janeiro, a ex-apresentadora de TV grega é uma das principais envolvidas no caso.

Segundo informou nesta segunda-feira (12) Haralambos Vourliotis, presidente do órgão que monitora casos de lavagem de dinheiro, as contas bancárias e outros ativos de Kaili e de seus parentes próximos foram bloqueados por instituições bancárias e órgãos estatais.

Um dos focos da investigação é uma empresa imobiliária recém-criada junto a um italiano pela eurodeputada no bairro de Kolonaki, uma área luxuosa na capital, Atenas. O sócio também é investigado.

Quatro pessoas foram presas acusadas de participar de uma organização criminosa que praticava lavagem de dinheiro e corrupção. Ainda que os nomes dos detidos não tenham sido divulgados, agências de notícias apuraram que a política grega foi uma das detidas na operação, assim como seu sócio.

Promotores belgas revistaram 16 casas na última sexta-feira (9), incluindo propriedades de Kaili, e apreenderam ao menos € 600 mil euros (R$ 3,3 milhões) em Bruxelas como parte da investigação.

O Parlamento Europeu afirmou no fim de semana ter suspendido Kaili de suas funções na Casa, e seu partido, o Pasok (Partido Socialista Pan-Helênico), disse que a expulsaria de suas fileiras.

De acordo com promotores belgas, o caso, um dos maiores escândalos de corrupção na história recente do Parlamento Europeu, envolve a entrega de subornos de Doha para influenciar decisões da UE. As quantias teriam sido entregues a nomes com cargos estratégicos no Parlamento —como é o caso de Kaili.

Chanceleres da UE, que em reunião nesta segunda impuseram novas sanções econômicas ao Irã e avançaram em debates para um novo pacote contra a Rússia, manifestaram preocupação e repúdio. A ministra das Relações Exteriores alemã, Annalena Baerbock, disse que o episódio coloca a credibilidade da Europa em jogo. "Isso deve desencadear consequências em várias áreas."

O chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, por sua vez, afirmou que as notícias são muito preocupantes, e o chanceler tcheco, Jan Lipavsky, ponderou que as relações entre Qatar e UE devem ser fortalecidas, mas sem que sejam ignorados abusos trabalhistas e de direitos humanos no país do Golfo.

Mais tarde, a presidente da Comissão Europeia, a alemã Ursula von der Leyen, comentou o caso e disse que proporá a criação de um órgão independente de fiscalização de ética em todos os espaços da UE. "As alegações do caso são de extrema preocupação, muito sérias", disse.

Em um discurso no Parlamento Europeu no último dia 21, no início da Copa, Kaili descreveu o Qatar como um pioneiro na área de direitos trabalhistas. "Eles se comprometeram e se abriram para o mundo. Nos ajudaram e são negociadores de paz; são bons vizinhos e parceiros."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.