Um juiz federal dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (6) que rejeitou um processo movido contra o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, acusado por Washington de envolvimento no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, em 2018.
O magistrado John Bates aceitou o argumento, endossado pelo governo americano com base num pedido de Riad, de que MbS goza de imunidade por ser chefe de governo —ele recentemente foi nomeado premiê do país, deixando o posto de ministro da Defesa. Segundo Bates, com a posição de Washington, a única opção que ele tinha era encerrar a ação movida por Hatice Cengiz, viúva de Khashoggi.
O status de imunidade legal foi concedido pelo governo de Joe Biden no mês passado. Antes, em julho, o presidente americano foi criticado por se encontrar com o príncipe em uma visita à Arábia Saudita, com direito a trocas de cumprimentos, para discutir questões de energia e segurança.
Durante a viagem ao país, que é grande fornecedor de petróleo, Biden instou o aumento da produção com o objetivo de reduzir o preço do produto, que estava em alta recorde.
Ao rejeitar o processo contra MbS nesta terça, o juiz Bates manifestou "desconforto com as circunstâncias da nomeação de Salman [ao cargo de premiê] e alegações críveis de seu envolvimento na morte de Khashoggi". O jornalista foi morto e esquartejado por agentes sauditas no consulado saudita em Istambul, em uma operação que a inteligência dos EUA acredita ter sido ordenada pelo príncipe.
Khashoggi era um crítico das políticas do regime e do príncipe herdeiro em suas colunas no Washington Post. Ele havia viajado ao consulado saudita em Istambul para obter os documentos necessários para se casar com Cengiz, uma cidadã turca.
Segundo a Casa Branca, durante o encontro com MbS em julho, o presidente americano disse ao príncipe que o considerava responsável pela morte de Khashoggi. MbS nega ter ordenado o assassinato, mas já reconheceu que o crime ocorreu sob sua administração.
Em relação ao status de imunidade legal, o governo americano informou que a medida não é baseada nos méritos do caso e segue o direito internacional consuetudinário —quando as normas são definidas com base em costumes e tradições, não necessariamente com apoio formal.
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