Geórgia volta às urnas nos EUA em eleição que pode dar respiro a Biden ou a Trump

Segundo turno de pleito ao Senado vai consolidar maioria democrata ou reduzir fritura de ex-presidente

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Washington

Americanos da Geórgia, no sul do país, voltam às urnas nesta terça-feira (6) para o segundo turno das eleições locais para o Senado. O pleito, um rescaldo das chamadas midterms, pode significar um respiro para o presidente dos EUA, Joe Biden, ou um alívio na pressão que cerca o ex-presidente Donald Trump.

A disputa opõe o atual senador democrata Raphael Warnock, que tenta a reeleição, ao ex-astro do futebol americano Herschel Walker, republicano. Em 8 de novembro, Warnock ficou na frente, com 49,4% dos votos, ante 48,5% do adversário, mas as regras locais definem que há segundo turno quando nenhum candidato atinge ao menos 50% —a exemplo do que ocorre nas eleições majoritárias no Brasil.

Eleitor na urna em voto antecipado para o Senado na Geórgia, em sessão eleitoral de Columbus - Cheney Orr - 28.nov.22/Reuters

As eleições de meio de mandato já definiram os cenários de maioria na Câmara e no Senado para a próxima legislatura, mas ainda assim o pleito é considerado fundamental para os dois partidos.

Democratas veem na vitória uma garantia de alívio de que Biden precisa no Congresso. Na configuração atual do Senado, o partido tem 50 dos 100 assentos —contando dois independentes que votam com a legenda— e consegue maioria com o voto de minerva da vice-presidente, Kamala Harris, segundo as regras da Casa.

A conta mínima faz com que qualquer dissidência na base baste para travar projetos do governo, como ocorreu uma série de vezes na primeira metade do governo. Um dos democratas mais conservadores do Senado, Joe Manchin, por exemplo, conseguiu bloquear por meses megaprojetos caros a Biden, de incentivo à infraestrutura ao combate à crise climática.

Se Warnock for eleito, porém, os democratas passarão a ter no ano que vem 51 senadores. Isso porque o partido conseguiu "virar" uma cadeira republicana com a vitória de John Fetterman na Pensilvânia. O voto a mais permite a Biden driblar, por exemplo, a resistência de Manchin ou de algum outro senador.

Além disso, será mais um duro golpe para Trump, que já anunciou que quer se candidatar novamente nas eleições presidenciais de 2024. O republicano, porém, está em uma fase ruim no partido e começou a ser fritado por aliados após o fraco desempenho de nomes que ele fez a sigla bancar em estados-chave.

Sem conquistar a maioria no Senado e com uma margem abaixo do previsto na Câmara, republicanos acusaram Trump de financiar candidaturas de nomes muito radicalizados e sem experiência política, que não convenceram e afugentaram o eleitor moderado.

E esse parece ser o caso de Herschel Walker. Apoiado por Trump, ele se diz defensor do conceito conservador de família tradicional e contrário ao direito ao aborto, mesmo em casos de estupro —mas foi acusado de violência doméstica por familiares e de ter incentivado ex-namoradas a interromperem a gravidez.

O fato de Walker ter ficado em segundo lugar em novembro engrossou as críticas ao ex-presidente, que nesse contexto tem visto crescer um movimento interno contra sua candidatura —o governador da Flórida, Ron DeSantis, é hoje seu principal adversário a uma indicação à Presidência daqui a dois anos.

A eventual vitória de Warnock consolidará, por fim, o movimento da ativista Stacey Abrams, que perdeu a eleição para o governo do estado, como ocorreu em 2018; depois do pleito de quatro anos atrás, ela iniciou um amplo esforço para aumentar o acesso de minorias ao voto no estado, registrando milhares de negros —o comparecimento às urnas não é obrigatório nos EUA.

O resultado mais concreto foi visto na eleição de 2020, quando Biden bateu Trump na Geórgia por uma margem mínima —vitória creditada ao esforço da ativista. A última vez que um candidato a presidente democrata havia conquistado maioria no estado fora em 1992, com Bill Clinton.

Se Walker ganhar, por outro lado, a mensagem será a oposta: a de que a onda azul de Abrams não foi tão forte e o estado mantém uma base vermelha (republicana) forte, consolidando uma hegemonia. O governador reeleito, Brian Kemp, é republicano, e o partido levou 9 das 14 cadeiras a que o estado tem direito na Câmara.

Certo é que o resultado deve ser apertado. As pesquisas não indicam claramente um vencedor, e a expectativa das autoridades eleitorais locais é que não haja um resultado já na noite de terça.

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