O líder da oposição na Bolívia, o governador do departamento de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foi preso nesta quarta-feira (28), de acordo com o ministro do Interior, Eduardo del Castillo.
O motivo da prisão ainda é desconhecido, mas nos últimos meses o político ajudou a organizar protestos que bloquearam ruas e interromperam o comércio em várias regiões do país.
Os atos exigiam a realização do censo populacional boliviano, cujos trabalhos estão atrasados em razão da pandemia de coronavírus e, segundo especialistas, deve garantir mais receitas fiscais e assentos no Congresso a representantes do estado de Santa Cruz, um dos mais populosos e ricos da Bolívia.
"Informamos ao povo que a polícia boliviana cumpriu a ordem de prisão contra o senhor Luis Fernando Camacho", disse o ministro, sem entrar em detalhes. Segundo a imprensa local, o governador foi transferido para o aeroporto de Santa Cruz, de onde deve ser levado a La Paz.
"Neste momento, não se sabe o paradeiro do governador, e responsabilizamos o governo do presidente Luis Arce pela segurança física e pela vida dele", afirmou o gabinete de Camacho, acrescentando que o político "foi sequestrado, numa operação policial irregular e levado a um endereço desconhecido".
Em protesto, centenas de pessoas invadiram as pistas de dois aeroportos de Santa Cruz —o internacional Viru Viru, e o doméstico, Trompillo. Segundo a emissora boliviana Unitel, os manifestantes gritaram palavras de ordem pela libertação de Camacho e tentaram impedir a decolagem de aeronaves.
Considerado peça-chave na renúncia de Evo Morales à Presidência, em 2019, Camacho é um dos principais líderes da direita boliviana e comanda o segundo maior bloco da oposição no Parlamento, o Acreditamos, atrás apenas do partido Comunidade Cidadã, do ex-presidente Carlos Mesa. O Movimento ao Socialismo, de Arce é a principal força legislativa.
Aliados de Camacho, incluindo os legisladores Paola Aguirre e Erwin Bazan, afirmaram que a polícia usou força desproporcional durante a operação. Os ex-presidentes bolivianos, Jeanine Áñez e Jorge Quiroga, ambos de direita, endossaram as críticas contra a prisão do governador.
"Montaram uma megaoperação policial/militar para sequestrar o governador", escreveu Áñez no Twitter, enquanto Quiroga afirmou que "a polícia prendeu violentamente" o político de Santa Cruz.
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