Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Rússia não enlouqueceu para usar arma nuclear de forma imprudente, diz Putin

Líder do Kremlin afirma que país se defenderá com todos os meios à disposição, mas que prefere os pacíficos

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São Paulo

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira (7) que seu país "não enlouqueceu" e que não ameaçaria usar armas nucleares de forma imprudente.

"Temos esses meios em uma forma mais avançada e moderna do que qualquer outro país nuclear, isso é um fato óbvio. Mas não vamos correr pelo mundo brandindo essa arma como uma navalha", disse ele.

Ecoando a mesma retórica desde o início da invasão da Ucrânia, ele voltou a afirmar que Moscou não teve escolha a não ser intervir militarmente no vizinho. Segundo ele, a guerra começou em 2014, quando o então líder ucraniano e aliado de Putin, Viktor Ianukovich, fugiu do país após uma revolta pró-Ocidente.

A declaração foi feita em seu Conselho de Direitos Humanos. Lá, disse que ONGs ocidentais de direitos humanos veem a Rússia como "país de segunda classe que não tem o direito de existir". Curiosamente, a ONU divulgou nesta quarta um relatório que atribui aos russos centenas de mortes de civis na guerra.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de reunião do Conselho de Segurança, em Moscou
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, participa de reunião do Conselho de Segurança, em Moscou - Mikhail Metzel - 6.dez.22/Sputnik via Reuters

"Só pode haver uma resposta da nossa parte: uma luta consistente por nossos interesses nacionais", afirmou. "Faremos isso de várias maneiras e meios. Em primeiro lugar, vamos nos concentrar em meios pacíficos, mas se nada mais restar nos defenderemos com todos os meios à nossa disposição."

Ainda nesta quarta, Putin reconheceu que a guerra pode se estender por um longo tempo, mas descartou que esteja preparando uma nova mobilização de reservistas –a última, de 300 mil homens, foi concluída em outubro. O presidente russo disse também que, desse total, 150 mil foram alocados na Ucrânia, sendo que 77 mil estão em unidades de combate, e o restante desempenha funções defensivas.

Relatório da ONU

Tropas russas mataram ao menos 441 civis nos primeiros dias da invasão, informou o escritório de Direitos Humanos da ONU. Para chegar à conta, o órgão documentou ataques e execuções até abril.

"Há fortes indícios de que as execuções sumárias documentadas no relatório constituem crimes de guerra de homicídio doloso", disse o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, em um comunicado. Ao todo, foram contabilizados ataques e mortes em 102 cidades e vilarejos.

Entre os civis mortos estão 341 homens, 72 mulheres, 20 meninos e 8 meninas. Contudo, de acordo com o órgão, o número real de civis mortos deve ser muito maior, principalmente nas regiões de Kiev, Tchernihiv e Sumi –cenários de alguns dos piores confrontos no início da guerra. No final de outubro, o órgão ainda tentava confirmar outros 198 supostos assassinatos de civis nas três regiões.

Numa conta paralela, as Nações Unidas dizem ter registrado 6.702 mortes de civis durante a invasão, a maioria das quais causadas, a princípio, por tropas russas. Os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa da Rússia não responderam aos pedidos de comentários da agência de notícias Reuters.

Moscou nega que seus ataques tenham civis como alvo. Na semana passada, por outro lado, Putin disse que seu país não cessaria as ofensivas à infraestrutura civil da Ucrânia, em especial à rede de energia, alegando que tais ações são uma resposta à explosão da ponte que liga a Rússia continental à Crimeia.

A ONU, por sua vez, anunciou que está apurando se os ataques à infraestrutura civil não representam crimes de guerra. A falta de energia em várias regiões do país, por exemplo, tende a deixar o inverno mais rigoroso e, consequentemente, aumentar o número de mortos na guerra.

O escopo do relatório se limitou às áreas controladas pela Rússia durante os primeiros dias de combate, inclusive em Butcha, onde centenas de corpos foram encontrados após tropas russas abandonarem a cidade. A ONU já documentou 73 mortes no município e analisa outros 105 casos –segundo o órgão, muitos dos corpos apresentavam sinais de que as vítimas poderiam ter sido mortas intencionalmente.

Um dos objetivos do documento é registrar as vítimas e os possíveis responsáveis pelas mortes. De cem casos analisados pela ONU, 57 foram classificados de execuções sumárias, 30 dos quais relacionados a pessoas detidas. Em outros 43 episódios, civis foram mortos enquanto se deslocavam a pé, de bicicleta, de carro ou de van. "A maioria das vítimas foi alvejada enquanto ia para o trabalho, entregando comida a outras pessoas, visitando vizinhos ou parentes ou tentando fugir das hostilidades", afirmou Türk.

Com Reuters 

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