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Arizona desmonta muro de contêineres na fronteira com México 5 meses após instalação

Instalação construída por político republicano custou US$ 100 milhões e atravessava floresta nacional

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Gilles Clarenne
Hereford | AFP

Um muro de contêineres que custou US$ 100 milhões (R$ 519,8 milhões), instalado em agosto passado na fronteira do Arizona com o México, foi desmontado na última sexta-feira (21).

A construção, uma intervenção na Floresta Nacional de Coronado, havia sido ordenada pelo republicano Doug Ducey, então governador do estado, nos últimos meses de sua gestão. O objetivo, segundo o político, era combater a migração ilegal diante da suposta falha de Washington para resolver a crise migratória.

Trabalhadores removem muro de contêineres na fronteira do Arizona com o México
Trabalhadores removem muro de contêineres na fronteira do Arizona com o México - Robyn Beck - 20.jan.23/AFP

A iniciativa, porém, durou pouco tempo. Em dezembro do ano passado, Ducey aceitou retirar os contêineres após uma ação aberta pelo governo do presidente Joe Biden argumentar que a construção do muro, em terras federais, danificou a fauna e a flora de uma floresta nacional.

À época, o porta-voz de Ducey disse ao jornal The New York Times que o estado concordou em remover o muro porque autoridades federais estavam tomando medidas para construir barreiras permanentes.

"Desde o início dissemos que o programa de contêineres marítimos era temporário", afirmou o assessor, C.J. Karamargin. "Teremos prazer em removê-los se o governo federal levar a sério e fizer o que deve fazer, que é proteger a fronteira. Agora temos indícios de que eles estão levando a sério".

Em julho, o Departamento de Segurança Interna dos EUA autorizou o fechamento de quatro lacunas em uma barreira em Yuma, no Arizona. O projeto, afirmou o órgão na época, era para "implementar medidas de fronteira modernas e eficazes e melhorar a segurança ao longo da fronteira sudoeste". Ducey foi sucedido pela democrata Katie Hobbs, que ganhou as eleições em novembro. Ela era uma crítica da medida.

A ideia do muro surgiu em 2022 e rapidamente recebeu oposição. Críticos consideravam a iniciativa uma manobra cínica que afetaria o ambiente e não faria nenhuma diferença no número de entradas ilegais.

Os contêineres, que serpenteavam como um trem de carga 7 quilômetros de terras federais, dividiam uma área de conservação. Além disso, o terreno era tão difícil de cruzar, diziam os opositores, que traficantes de pessoas jamais usaram o trecho para entrar nos Estados Unidos. Na prática, a fileira de contêineres empilhados em dois níveis não estava bem instalada para impedir a passagem, porque não estava suficientemente alinhada, deixando espaços entre as caixas por onde uma pessoa poderia passar. Em alguns trechos, a instabilidade do terreno era tão grande que os trabalhadores tiveram que deixar buracos.

"É uma jogada política", disse Bill Wilson, 77, morador da vizinha Sierra Vista, enquanto via o muro ser desmontado. "É uma piada e um desperdício de dinheiro, dinheiro dos impostos, tempo e esforço."

O Arizona compartilha cerca de 600 km de fronteira com o México, incluindo áreas de preservação, parques nacionais, zonas militares e reservas indígenas. Até 2017, quando o ex-presidente Donald Trump chegou à Casa Branca com a promessa de construir um muro, o México estava separado dos EUA por uma barreira física pequena. Agora, longos trechos têm uma cerca que chega a 9 metros de altura.

Antes da chegada dos contêineres à Floresta Nacional de Coronado, área acessível apenas por trilha, a fronteira era demarcada por um alambrado.

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