Papa Francisco tenta atenuar fala sobre homossexualidade ser pecado

Pontífice esclarece declarações recentes que reforçaram posição doutrinária da Igreja Católica sobre o assunto

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São Paulo

O papa Francisco tentou atenuar comentários recentes que reforçam a posição doutrinária sobre homossexualidade ser um pecado. O líder da Igreja Católica disse que se referia ao ensino moral católico oficial de que qualquer ato sexual fora do casamento é considerado sacrilégio.

Em carta divulgada nesta sexta (27), Francisco lembrou que mesmo esse ensino está sujeito a circunstâncias que podem eliminar o pecado e afirmou que quem criminaliza a homossexualidade está equivocado.

Papa Francisco em audiência semanal no Vaticano
Papa Francisco em audiência semanal no Vaticano - Mídia do Vaticano - 18.jan.23/Handout/Reuters

A manifestação ocorre após o papa ser criticado por grupos que defendem os direitos LGBTQIA+ devido a uma declaração feita à Associated Press. À agência o papa disse que a homossexualidade "não é crime, mas um pecado". "Tudo bem, mas primeiro vamos distinguir um pecado de um crime. Também é pecado não ter caridade com o próximo."

O Catecismo da Igreja Católica se refere à homossexualidade como "atos de grave depravação", descritos como "intrinsecamente desordenados". A igreja defende, porém, que homossexuais devem ser "aceitos com respeito, compaixão e sensibilidade" e diz que "todo sinal de discriminação injusta deve ser evitado".

Diante da repercussão do caso, o padre americano James Martin, que apoia a aceitação de comportamento homossexual pela Igreja e é editor do site Outreach, voltado a fiéis LGBTQIA+ , pediu esclarecimentos a Francisco.

O pontífice, então, respondeu na carta. "Quando disse que é pecado, simplesmente me referi ao ensino da moral católica que diz que todo ato sexual fora do casamento é pecado", escreveu. "Como você pode ver, estava repetindo uma coisa geral. Deveria ter dito 'é pecado assim como todo ato sexual fora do casamento'."

Nos próximos dias, Francisco deve iniciar uma viagem de seis dias à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul, países que criminalizam a homossexualidade.

Em 2013, seu primeiro ano à frente da Igreja Católica, ele se declarou inapto a rejeitar homossexuais que buscassem o conforto de Deus. "Quem sou eu para julgar?", disse à época. A fala encheu católicos LGBTQIA+ de esperança de serem acolhidos no seio da instituição.

Oito anos depois, ele deu sinal verde para o Vaticano divulgar a diretriz para que clérigos não abençoem uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Deus não pode abençoar o pecado", diz o documento da Congregação para a Doutrina da Fé, que formula normas para os fiéis da maior vertente cristã do mundo.

Na entrevista à Associated Press, Francisco ainda reconheceu que lideranças católicas em algumas partes do mundo ainda apoiam leis que criminalizam a homossexualidade ou discriminam a comunidade LGBTQIA+. "Esses bispos precisam ter um processo de conversão", afirmou o pontífice, acrescentando que tais lideranças devem agir com ternura —"por favor, como Deus tem por cada um de nós".

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