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Donos de postos na Itália suspendem greve após aceno do governo Meloni

Setor diz que encerrará movimento em respeito à população, não ao governo, após ministério atenuar punições

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Guarulhos

Centrais sindicais reduziram de 48 para 24 horas a duração de uma greve nacional na Itália que havia sido iniciada nesta terça-feira (24), na esteira de um aumento do preço dos combustíveis desencadeado pelo fim do desconto em um imposto. Assim, a paralisação que ameaçava desgastar ainda mais a aprovação da primeira-ministra Giorgia Meloni, já afetada pela alta dos produtos, encerra-se nesta quarta (25).

A decisão dos sindicatos foi anunciada em nota depois de uma reunião de representantes com o Ministério das Empresas italiano. No texto, eles afirmam que a medida tem como objetivo aliviar as consequências para os consumidores, "certamente não para o governo".

Cartaz em posto de gasolina em Roma informa clientes sobre greve informando os clientes sobre a greve
Cartaz em posto de gasolina em Roma informa clientes sobre greve informando os clientes sobre a greve - Guglielmo Mangiapane - 25.jan.23/Reuters

O setor de postos de gasolina acusa a gestão Meloni de difamação, após o governo acusar donos dos estabelecimentos de especulação, por supostamente subir os preços além do necessário.

Um ponto central do imbróglio está na exigência de que os postos fixem um cartaz nas bombas com o preço médio regional de cada combustível, de modo que o cliente tenha uma base de comparação.

Nesta quarta, com a greve já iniciada, algumas concessões foram feitas. A exigência do cartaz não foi derrubada, mas o governo se comprometeu a aliviar as punições a quem desrespeitar as regras. A multa máxima cairia de € 6.000 para € 800, e eventuais suspensões de atividades passariam de 90 para 30 dias.

"As propostas de alteração do governo ao seu decreto não afastam a clara intenção de identificar os postos de gasolina como destinatários de obrigações confusas, contraproducentes e claramente acusatórias", disseram os sindicatos após a mesa de negociações.

O governo vinha tentando demover os sindicatos de iniciar a paralisação, mas só conseguiu avançar depois que a greve já estava em curso. Meloni vinha defendendo suas medidas. "Não se volta atrás. O governo não imaginou isso para apontar o dedo para toda a categoria, mas para reconhecer os honestos."

Segundo a Bloomberg, a maioria dos estabelecimentos no centro de Roma permaneceu fechada ao longo do dia, mas o tráfego na cidade seguiu no ritmo de costume. Boa parte dos motoristas encheu os tanques antes da greve, e um percentual mínimo de postos teve de seguir operando por obrigação da lei.

Alguns locais que operam de maneira independente, sem estarem atrelados aos sindicatos, também mantiveram seus serviços normalmente. O desencontro entre sindicatos desses estabelecimentos e a gestão Meloni começou logo após a virada do ano, como resultado da suspensão de um desconto no imposto sobre combustíveis que vinha sendo aplicado desde março do ano passado.

Na ocasião, para responder à alta de preços acarretada principalmente pela Guerra da Ucrânia, o então premiê, Mario Draghi, determinou o corte temporário de € 0,25 por litro de gasolina e diesel. A medida foi prorrogada pela sucessora, mas só até o fim de dezembro, e deixou de valer na virada do ano.

Como resultado, o preço médio do litro da gasolina para o consumidor nas bombas de autosserviço, que foi de € 1,66 em dezembro, era de € 1,84 na última segunda (23).

A justificativa do governo Meloni é que a medida, que custou mais de € 7 bilhões em 2022, não cabe no Orçamento deste ano e que o dinheiro será direcionado para outras iniciativas voltadas aos mais pobres.

O protesto tinha potencial para ser o de maior impacto no cotidiano italiano desde que o governo tomou posse, em outubro. A oposição criticava a capacidade de negociação de Meloni e aponta contradições —no programa de governo dela, um dos pontos falava em redução das taxas sobre combustíveis.

Colaborou Michele Oliveira, de Milão

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