Descrição de chapéu The New York Times

Moedas romanas, consideradas falsas por séculos, podem ser verdadeiras

Dinheiro do século 3 tinha imagem de imperador desconhecido e passou por reavaliação na Universidade de Glasgow

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April Rubin
The New York Times

Em 1713, um inspetor de medalhas documentou a aquisição de oito moedas romanas de ouro que tinham sido enterradas na Transilvânia. Durante séculos, especialistas acreditaram que elas fossem falsificações, e malfeitas.

As moedas apresentavam a imagem de um líder desconhecido e características que diferiam de outras moedas romanas de meados do século 3. Mas agora pesquisadores reexaminaram as moedas, que estavam numa coleção da Universidade de Glasgow, na Escócia, e dizem que elas podem, de fato, ser autênticas.

Moeda com rosto do imperador romano Sponsian - Universidade de Glasgow -24.nov.22 / The Hunterian via AFP

O desenho da moeda era incomum para a época, e o homem retratado nelas, Sponsianus, quase se perdeu na história. As moedas incluíam referências a "lendas confusas e motivos historicamente misturados", disseram os especialistas.

A pesquisa publicada na quarta-feira (11) na revista Plos One postulou que as moedas —e Sponsianus, o homem retratado— mereciam outro olhar.

Usando tecnologias modernas de imagem, os pesquisadores disseram que encontraram "padrões profundos de microabrasão" que eram "tipicamente associados a moedas que estiveram em circulação por um longo período de tempo".

Além disso, os pesquisadores analisaram depósitos de terra, encontrando o que consideraram evidências de que as moedas passaram muito tempo enterradas antes de serem exumadas.

As moedas também são atípicas em relação a falsificações da época em que foram encontradas, disseram os pesquisadores.

O nome Sponsianus não teria sido uma escolha óbvia para falsificadores séculos depois, já que ele foi uma figura obscura, como descobriu a equipe de pesquisadores. Esperava-se que a pesquisa pudesse trazê-lo de volta ao foco como uma figura histórica de menor importância. Na moeda, ele é representado com uma coroa como as usadas pelos imperadores.

"Nada se pode saber sobre ele com certeza, mas as próprias moedas, juntamente com a proveniência registrada por Heraeus, fornecem pistas sobre seu possível lugar na história", escreveram os pesquisadores, em referência a Sponsianus e a Carl Gustav Heraeus. Foi Heraeus, inspetor de medalhas da Coleção Imperial de Viena, quem documentou a aquisição das moedas em 1713.

Em sua coluna no Suplemento Literário do New York Times, Mary Beard, professora de clássicos da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, apontou a composição das moedas entre os fatores que levantaram dúvidas sobre sua autenticidade. "Ainda há evidências muito poderosas de que elas sejam falsas", escreveu ela.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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