Europa e Ásia ampliam restrições a turistas da China ante explosão da Covid no país

Decisões seguem anúncio de Pequim de que retomará emissão de passaportes para cidadãos viajarem ao exterior

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São Paulo

Desde que a China flexibilizou restrições relacionadas à Covid-19 que antes colocavam obstáculos para que cidadãos do país viajassem ao exterior, nações europeias e asiáticas vêm anunciando medidas de controle à chegada de turistas chineses a seus aeroportos. Elas temem que o atual surto da doença na China possa criar novas variantes do vírus e impactar seus sistemas de saúde.

França e Reino Unido, por exemplo, anunciaram nesta sexta (30) que chineses que quiserem entrar nos dois países terão de apresentar um teste com resultado negativo para a Covid antes de viajar. De acordo com autoridades de Paris, o exame será exigido tanto de passageiros em voos diretos da China quanto naqueles com escalas. Os viajantes também precisarão usar máscaras.

Passageira entrega passaporte a funcionário do aeroporto de Malpensa, em Milão, após desembarcar de voo vindo da China
Passageira entrega passaporte a funcionário do aeroporto de Malpensa, em Milão, após desembarcar de voo vindo da China - Jennifer Lorenzini - 29.dez.22/Reuters

O Ministério da Saúde francês comunicou que nenhuma data foi definida para a introdução das medidas, mas um decreto será publicado e enviado aos Estados-membros da União Europeia. O governo britânico também ainda não anunciou quando a determinação começará a valer.

Nesta sexta, Espanha, Coreia do Sul e Israel foram outros a impor controles a passageiros vindos da China. "Vamos implementar controles em nossos aeroportos, exigindo que tenham um teste negativo ou um certificado de vacinação completo", anunciou a ministra da Saúde da Espanha, Carolina Darias.

Seul tomou a mesma decisão, válida até fevereiro. Israel, por sua vez, ordenou que as empresas aéreas aceitem apenas estrangeiros que tenham teste com resultado negativo a bordo de voos da China.

EUA, Itália, Índia, Japão e Taiwan, entre outros, já haviam imposto controles em aeroportos aos viajantes do gigante asiático. Os americanos aproveitaram a circunstância para acusar a China de falta de transparência quanto à real situação da doença no país.

Na quarta (28), autoridades em Milão relataram que quase metade dos viajantes em dois voos que partiram da China estava contaminada. Nesta sexta, o ministro da Saúde, Orazio Schillaci, se disse aliviado ao informar que não foram encontradas novas variantes nas análises.

A disseminação de mutações é o maior temor. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, disse que os controles são compreensíveis porque servirão para proteger a população diante do que chamou de falta de informações da China sobre a evolução da doença.

Já o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças considerou testes injustificados na UE, dado o nível de imunidade da população do bloco —segundo a plataforma Our World in Data, 75% já receberam ao menos uma dose da vacina. A orientação do órgão, porém, pode mudar se uma nova variante for detectada.

O regime chinês diz que as precauções tomadas são resultado de "exagero, difamação e manipulação política" orquestrados pela imprensa ocidental. "Desde o início da epidemia, a China compartilhou informações e dados confiáveis com a comunidade internacional, de maneira aberta e transparente", afirmou um porta-voz da chancelaria nesta sexta.

Um dia antes, a ditadura relatou 5.515 novos casos e uma morte por Covid. A confiabilidade dos números, porém, é baixa, já que o regime cancelou a realização de testes em massa e alterou critérios para contabilizar o número de mortos pelo vírus.

As reações de outros países começaram mais fortemente na terça (27), quando a China anunciou a retomada da emissão de passaportes a cidadãos que queiram viajar a turismo para o exterior. Hoje já não há restrições do tipo, mas a nova regra tornará a volta deles para casa muito mais fácil.

Ainda nesta semana, a Comissão Nacional de Saúde anunciou que, a partir de 8 de janeiro, deixará de exigir o cumprimento de quarentena a viajantes que chegam ao país.

Assim, espera-se que o número de turistas chineses na Europa e na Ásia aumente consideravelmente, se comparado aos índices dos últimos dois anos. Devido ao Ano-Novo Lunar, que começa no próximo dia 22, milhões de chineses devem viajar para o exterior. Geralmente, o feriado é o mais movimentado do país; neste ano, por exemplo, a China registrou 1,2 bilhão de viagens durante o festival.

Dados da plataforma chinesa Ctrip mostraram que, meia hora após o anúncio oficial do regime, pesquisas por destinos internacionais populares aumentaram dez vezes. Em 2019, os chineses representaram 8% de todos os viajantes internacionais, de acordo com pesquisa da Oxford Economics.

Com Reuters e AFP

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