Descrição de chapéu China

Avião dos EUA sobrevoa estreito de Taiwan e gera nova irritação da China

Disputa em ilha que chineses dizem pertencer a seu território contribui para escalada de tensões sino-americanas

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Taipé e Pequim | Reuters e AFP

Em mais um capítulo da escalada de tensões, a China acusou os EUA de ameaçarem a estabilidade e a paz no estreito de Taiwan depois de um avião militar americano sobrevoar a área nesta segunda-feira (27).

A faixa d’água que liga a ilha à China continental tem sido alvo frequente de disputas. Enquanto Taipé e Washington afirmam se tratar de águas internacionais, Pequim diz ter "soberania, direitos soberanos e jurisdição" sobre o estreito —mesmo argumento do regime em relação a todo o território de Taiwan, segundo o gigante asiático uma província rebelde e parte inalienável de seu território.

Ilustração mostra silhueta de avião sobre as bandeiras da China e de Taiwan - Dado Ruvic - 6.ago.22/Reuters

"As ações por parte dos EUA interferem deliberadamente e desestabilizam a situação regional", disse o Exército chinês sobre o episódio, acrescentando que suas forças seguem em alerta máximo.

O Ministério da Defesa de Taiwan, por sua vez, afirmou que também rastreou a aeronave de patrulha e reconhecimento. De acordo com o órgão, que não deu mais detalhes, um veículo de modelo P-8A Poseidon passou pelo estreito em direção ao sul. Já o Pentágono não se pronunciou sobre o caso, embora tenha enviado com certa frequência navios e aeronaves de guerra ao perímetro em tempos recentes.

Como a maior parte da comunidade internacional, Washington não mantém laços diplomáticos formais com Taipé. A ilha viveu sob influência chinesa até 1949, quando os nacionalistas derrotados pelos comunistas durante a guerra civil no país fugiram para o território e ali forjaram um governo capitalista.

Ainda assim, os americanos continuam sendo o maior aliado estrangeiro de Taiwan, além de seu principal fornecedor de armas. As duas administrações vêm se aproximando nos últimos três anos, período em que o regime chinês passou a pressionar a ilha para aceitar o domínio do continente sobre o seu território.

A visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara e mais alta autoridade dos EUA a viajar à ilha em 25 anos, aumentou essa pressão, levando a ditadura a manter atividades militares quase diárias perto da ilha.

Embora Taiwan seja um dos maiores pontos de discórdia entre os EUA e a China, ele certamente não é o único. Entre os muitos temas que levaram as disputas entre as duas potências globais a um clímax nas últimas semanas —uma lista que vai de acusações acerca da participação chinesa na Guerra da Ucrânia à chamada crise dos balões—, está a expansão militar de Washington no Sudeste Asiático, com a aproximação dos americanos de nações como Japão e Coreia do Sul, além de outras do Indo-Pacífico.

O Japão, por exemplo, rompeu com a tradição pacifista que mantinha desde a Segunda Guerra ao anunciar, no final de 2022, um reforço em seu orçamento militar. Designando a China como "maior desafio estratégico", o país colocou como meta dobrar as verbas destinadas ao setor para 2% do PIB até 2027.

Nesta segunda, o primeiro-ministro Fumio Kishida afirmou que o governo japonês comprará 400 mísseis de cruzeiro Tomahawk dos EUA —dias atrás, o ministério da Defesa do país asiático havia informado que tinha reservado US$ 1,5 bilhão para a compra de mísseis no próximo ano fiscal.

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