China admite propriedade de suposto balão espião que sobrevoava América Latina

Diplomacia de Pequim chama de exagerada reação de Washington ao abater artefato com caça na Carolina do Sul

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Bogotá | AFP

A China reconheceu nesta segunda-feira (6) ser dona do balão que sobrevoava a América Latina e se tornou de conhecimento público após anúncio dos EUA. De acordo com o regime de Xi Jinping, trata-se de um objeto civil usado para testes de voo.

Questionada, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, disse que, devido a forças meteorológicas e a uma capacidade de manobra limitada, o balão desviou da rota programada e, de maneira acidental, dirigiu-se para a América Latina e o Caribe.

Mao Ning, porta-voz da chancelaria da China, durante entrevista coletiva diária em Pequim
Mao Ning, porta-voz da chancelaria da China, durante entrevista coletiva diária em Pequim - Thomas Peter - 3.fev.23/Reuters

"A China é um país responsável e sempre respeitou rigorosamente o direito internacional", disse Mao a jornalistas. "Entramos em contato com as partes relevantes e estamos lidando com a questão de forma adequada, sem causar ameaças a qualquer país."

O governo da Costa Rica informou, em nota, que autoridades da China admitiram que um de seus balões sobrevoou o país. Na capital, San José, a embaixada chinesa "pediu desculpas" pelo que chamou de incidente, acrescentando que o objeto é usado para pesquisas sobretudo meteorológicas.

O Pentágono anunciou no último sábado (4) a identificação do balão de alta altitude, que diz ser um artefato de Pequim para espionagem. Antes, Washington já havia localizado um balão sobrevoando o território do país, em um episódio que abriu mais uma frente de crise entre EUA e China. Horas após o anúncio americano, o governo da Colômbia confirmou ter avistado o objeto sobrevoando o país.

Ainda no sábado, autoridades militares dos EUA comunicaram a destruição, com o uso de um caça na região da costa da Carolina do Sul, do balão que sobrevoava o território do país. A chancelaria chinesa voltou a chamar a medida de exagerada nesta segunda-feira.

"O exagero do lado americano sobre esse assunto e mesmo o uso da força são inaceitáveis e irresponsáveis", disse Mao. "Diante desse tipo de incidente inesperado e isolado, ambos os lados, em especial os EUA, deveriam agir de maneira calma, profissional e adequada."

A Marinha americana tenta recuperar o balão e sua carga, com apoio da Guarda Costeira, segundo o general Glen VanHerck, do Comando de Defesa Aeroespacial, o que permitiria entender a capacidade do objeto. Washington, de todo modo, já descartou que o balão tenha impactado a segurança nacional.

Em comunicado nesta segunda, a Casa Branca reiterou que o episódio não contribui para melhorar as relações diplomáticas. John Kirby, porta-voz de segurança nacional, no entanto, disse que "ninguém quer conflito". Ele também afirmou que a visita do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim, desmarcada após o anúncio sobre o balão, será remarcada "quando chegar a hora certa".

Nenhuma outra nação latino-americana disse ter avistado o balão que sobrevoava a região. A Venezuela de Nicolás Maduro, no entanto, criticou os EUA pelo que disse ser um ataque contra uma aeronave civil chinesa que não representaria uma ameaça. "Mais uma vez os EUA recorrem ao uso da força em vez de tratar a situação com a seriedade e a responsabilidade adequadas", disse o regime em nota.

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, afirmou em uma rede social que a ação de abater o balão é mais uma provocação e "violação da nossa soberania por meios aéreos e marítimos".

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