Descrição de chapéu The New York Times

Ex-assessor acusa George Santos de assédio sexual dentro de gabinete no Capitólio

Homem encaminhou carta a Comitê de Ética da Câmara; OUTRO LADO: deputado não comenta caso

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Grace Ashford Michael Gold
Nova York | The New York Times

Um candidato a assessor no Congresso acusou o deputado republicano George Santos, de Nova York, de violações éticas e assédio sexual, segundo uma carta que o homem enviou ao Comitê de Ética da Câmara e postou no Twitter na sexta-feira (3).

O denunciante, Derek Myers, trabalhou durante um breve período no gabinete de Santos antes de sua oferta de trabalho ser rescindida, no início desta semana, conforme a carta.

George Santos, homem usando uma blusa preta sobreposta por terno azul-marino de óculos, é interpelado por repórteres
George Santos é questionado por repórteres em Washington - Alex Wong - 31.jan.23/Getty Images/AFP

Myers disse na carta que estava sozinho com Santos em seu escritório em 25 de janeiro quando o congressista perguntou se ele tinha um perfil no Grindr —um popular aplicativo de namoro gay. Então, segundo o relato, o filho de brasileiros o convidou a um karaokê e tocou sua virilha, assegurando-lhe que o marido estava fora da cidade.

O relato de Myers não pôde ser verificado de maneira independente, mas um porta-voz da deputada democrata Susan Wild, da Pensilvânia, que integra o Comitê de Ética da Câmara, confirmou que uma cópia da mensagem foi recebida por seu gabinete.

O homem que acusa o republicano disse em entrevista que também apresentou uma queixa à Polícia do Capitólio, tendo conversado com um agente por telefone. No Twitter, ele disse que estava publicando a denúncia por uma questão de transparência. "São acontecimentos graves, e as evidências e os fatos falarão por si se o comitê tratar desse assunto", escreveu.

Um dia antes de tornar pública sua denúncia, Myers chamou a atenção após divulgar gravações que havia feito de forma secreta de Santos com seu chefe de gabinete, Charley Lovett.

O ex-assessor foi acusado no ano passado de empreender escutas telefônicas em Ohio, depois que um pequeno jornal que ele dirigia publicou o áudio de um depoimento em tribunal que outra pessoa gravou e enviou a ele. Organizações jornalísticas apoiaram Myers, pedindo que as acusações fossem retiradas em nome da liberdade de imprensa.

Santos disse ao portal Semafor na quinta-feira (2) que seu gabinete estava tocando o processo de contratação do assessor, mas decidiu não efetivá-lo devido a preocupações com as acusações de escuta telefônica. Lovett confirmou isso ao Talking Points Memo, uma organização de notícias independente.

Santos é alvo de inúmeras investigações sobre seus negócios e finanças de campanha, além de estar no centro de intensa pressão por ter admitido que contou uma série de mentiras em seu currículo para conseguir se eleger. O diretor de comunicação do deputado não respondeu à reportagem do New York Times, encaminhando o assunto ao advogado pessoal dele —que se recusou a comentar as denúncias de Myers.

O ex-assessor afirmou que o assédio teria ocorrido cinco dias antes de ele gravar secretamente o republicano. Nesta conversa, cujo áudio foi publicado pelo Talking Points Memo, Myers declarou fidelidade a Santos, dizendo: "Somos todos George, foi assim que chegamos aqui".

Em outro momento da gravação, ele afirma: "Nunca vou mentir para vocês. Não tenho motivos para isso. Mas vou mentir por vocês". Santos então responde: "Você não deveria".

Em sua carta ao Comitê de Ética, Myers disse que foi informado de que trabalharia no escritório de Santos como voluntário antes que a papelada da efetivação fosse analisada. Ele afirma no texto que agora acredita que tal arranjo violava as regras da Câmara e pediu ao Comitê de Ética que investigue Santos também por uso de mão de obra voluntária —além de assédio sexual.

Ainda não está claro como o colegiado irá proceder. Tom Rust, assessor do comitê, se recusou a fazer comentários, e o porta-voz de Wild disse apenas que a congressista "não falaria sobre assuntos que podem chegar ao órgão ou pendentes de análise por ele".

A Polícia do Capitólio não respondeu a mensagens solicitando a confirmação de que Myers havia feito uma denúncia.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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