Descrição de chapéu China

Balão rende ações e reações dos EUA e da China em semana ruidosa

Leia newsletter China, terra do meio sobre o suposto espião que sobrevoou o território americano

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Igor Patrick
Washington

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Após as Forças Armadas dos EUA derrubarem o balão chinês que sobrevoava o território americano, a China se recusou a conversar com o secretário de Defesa Lloyd Austin.

  • O Pentágono disse em nota que Austin pediu para falar com o ministro de Defesa Nacional chinês, Wei Fenghe, por acreditar "na importância de manter linhas de comunicações abertas". O pedido não foi atendido;

  • Pequim nega que o balão levasse equipamento de espionagem e chegou a pedir desculpas por supostamente ter perdido o controle do objeto. Também acusou os americanos de "exagerarem" na resposta.

Na terça, equipes militares posicionadas na Carolina do Sul divulgaram fotos da recuperação de parte dos restos do balão após o abatimento. O Conselho de Segurança Nacional informou que o dispositivo tinha mais de 60 metros de altura.

Os americanos não querem devolver os destroços aos chineses e vão continuar as buscas por possíveis partes que indiquem a instalação de equipamentos de espionagem no balão.

Sem mencionar o assunto diretamente, o presidente Joe Biden dedicou alguns minutos do discurso do Estado da União —que atualiza o Congresso sobre as realizações do governo no último ano—, na terça (7), ao caso. Disse que não buscava confronto com a China, mas que estava disposto a "agir rapidamente" para responder a violações de soberania.

A fala foi marcada por aplausos de democratas e de republicanos, o que expôs uma rara unidade em uma noite marcada por vaias dos opositores ao presidente.

O destaque midiático dado ao caso ajudou a deteriorar ainda mais o diálogo sino-americano, o que levou ao imediato cancelamento de uma visita do secretário de Estado, Antony Blinken, a Pequim agendada para o último fim de semana.

Por que importa: incidentes do tipo são incomuns, mas vêm acontecendo com frequência cada vez maior devido à crescente desconfiança de ambos os lados. Em 2019, a China também abateu um balão dos EUA, e a operação ganhou ares cinematográficos na imprensa do país. Os EUA afirmam que Pequim tem enviado dispositivos do tipo ao espaço aéreo americano desde o governo de Donald Trump.

o que também importa

O enviado chinês para a União Europeia, Fu Cong, pediu que o Ocidente não insista na narrativa de consolidar uma "vitória completa" da Ucrânia contra a Rússia, sob risco de escalada na guerra.

Convidado de um evento no Centro de Políticas Europeias em Bruxelas, o embaixador disse que a China não acredita que "só fornecer armas resolverá o problema" e que "está bastante preocupada com as falas sobre obter uma vitória completa no campo de batalha".

Ele ressaltou acreditar que é mais produtivo instar ambas as partes a se sentarem para negociar, em contraposição às promessas recentes dos líderes de França, Emmanuel Macron, e EUA, Joe Biden. A dupla se mostra mais aberta a novos repasses financeiros e de equipamentos a Kiev para acelerar uma possível retomada de território pelos ucranianos.

A China é o principal destino de exportações de 19 dos 27 entes federativos no Brasil. O dado foi divulgado na terça (7) pelo Centro Empresarial Brasil-China, que conduziu um estudo sobre o comércio brasileiro com recortes estaduais.

O relatório mostrou que, embora o cenário consolide o gigante asiático como o parceiro mais importante do país, a diversidade de produtos vendidos a Pequim tem caído.

  • O estudo indicou concentração em um número menor de produtos e apontou 216 itens com potencial para exportações;

  • Entre os exemplos listados estão tabaco, ferro fundido, madeira, pedras de gesso e couro;

  • A conclusão é que a inclusão desses produtos aumentaria o volume de negócios em aproximadamente US$ 44,5 bilhões (R$ 234,3 bilhões) anuais até 2030.

A publicação foi produzida em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e está disponível aqui.

fique de olho

Maior buscador da China, o Baidu anunciou que deve concluir no próximo mês os testes finais do Ernie Bot, ferramenta de inteligência artificial que deve funcionar como concorrente do ChatGPT. O nome da ferramenta, que consolida pesquisas na área iniciadas pela empresa em 2019, é um acróstico para "Enhanced Representation Through Knowledge Integration" (ou "representação aprimorada por meio da integração do conhecimento).

Diferentemente do ChatGPT, da OpenAI, o Ernie será capaz de processar tarefas simultâneas, gerar textos e converter comandos escritos em imagens. Inicialmente programada para funcionar em chinês, a plataforma será capaz de aprender padrões de linguagem (e não deve demorar para que comece a se expandir para outros idiomas).

Por que importa: o sucesso do ChatGPT, da OpenAI, e o subsequente anúncio da Microsoft —uma das financiadoras do projeto— de que integraria a tecnologia a todos os seus produtos fez as big techs se mexerem.

  • Inteligência artificial costumava ser tabu na indústria pela dificuldade estrutural em controlar seu crescimento e acurácia, mas a popularidade da ferramenta convenceu CEOs de que é hora de explorar esse campo;

  • Ao entrar na disputa, o Baidu animou investidores: as ações da companhia subiram 13% na bolsa de Hong Kong na segunda (6).

para ir a fundo

O pesquisador brasileiro Paulo Menechelli realiza na quarta (22) uma palestra on-line sobre a indústria cinematográfica chinesa e seus paralelos com a projeção de soft power do país. A conversa será sediada pela Universidade da Virgínia e os detalhes podem ser conferidos aqui. (gratuito, em inglês).

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