Descrição de chapéu China Governo Biden

EUA recuperam destroços de balão chinês e descartam devolução a Pequim

Objeto derrubado por caça americano no sábado (4) agravou crise diplomática entre as duas potências

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Washington | AFP

O governo dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (7) imagens da operação realizada para resgatar os destroços do balão de alta altitude chinês na costa da Carolina do Sul. As fotos foram feitas no domingo (5), um dia após o objeto ter sido derrubado por um caça americano.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, descartou a possibilidade de devolver partes do artefato à China. Ele disse que alguns detritos foram recuperados na superfície do mar, mas que as condições climáticas não permitiram que as operações subaquáticas resgatassem outros destroços.

Marinheiros resgatam destroços do balão de alta altitude chinês que foi derrubado por caça americano
Marinheiros resgatam destroços do balão de alta altitude chinês que foi derrubado por caça americano - Marinha dos EUA via Reuters

A descoberta do balão no espaço aéreo americano aumentou as tensões entre os EUA e a China. Washington afirma que o objeto era um instrumento de espionagem, enquanto Pequim diz que o artefato saiu da rota devido a correntes de ventos e era usado para pesquisas, sobretudo meteorológicas.

O anúncio levou o governo dos EUA a adiar a visita que o chefe da diplomacia americana, o secretário de Estado Antony Blinken, faria a Pequim. Ele deveria se encontrar com o líder do regime chinês, Xi Jinping, numa tentativa de avançar no apaziguamento das tensões entre as duas maiores potências mundiais.

Parlamentares republicanos criticam o presidente dos EUA, Joe Biden, por ter, segundo eles, demorado para ordenar a derrubada do balão. De acordo com Kirby, a demora se deveu ao fato de que especialistas examinavam o objeto —os destroços recuperados no domingo, diz, devem revelar mais informações.

Sem entrar em detalhes, o porta-voz acrescentou que, antes de o objeto ser destruído, os EUA tomaram medidas em locais militares sensíveis para mitigar a capacidade de coleta de dados que o balão teria.

De acordo com Kirby, o governo também entrou em contato com funcionários dos setores de inteligência que atuavam na administração anterior para obter informações sobre os sobrevoos de supostos balões chineses que teriam acontecido durante a Presidência de Donald Trump (2017-2021) —o Pentágono informou que objetos da China sobrevoaram os EUA em três ocasiões durante a gestão do republicano.

No episódio mais recente, o balão de alta altitude chinês entrou pela primeira vez em uma zona de identificação dos EUA em 28 de janeiro. Três dias depois, passou ao espaço aéreo canadense e voltou ao americano no dia 31.

Depois, o objeto sobrevoou Billings, no estado de Montana, onde fica uma base militar com silos de mísseis balísticos intercontinentais. Ele percorreu uma trajetória diagonal pelo país, de Idaho à Carolina do Sul, por sete dias. Os EUA informaram que inicialmente decidiram não derrubar o balão sob argumento de que o item tinha capacidade limitada de coleta de dados e que os destroços poderiam cair em áreas civis.

O general Glen VanHerck, chefe do Comando de Defesa Aeroespacial, disse que o balão tinha aproximadamente 60 metros de altura e transportava uma cesta que pesava mais de uma tonelada.

O objeto foi destruído no sábado (4), em ação considerada exagerada pela chancelaria chinesa. Para Pequim, a destruição do objeto "prejudica seriamente os esforços de ambas as partes e o progresso para estabilizar as relações sino-americanas".

Desde que o balão foi derrubado, os EUA estiveram em contato com autoridades chinesas, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. Mas ainda não foi discutida uma nova data para a visita de Blinken a Pequim.

Nesta segunda (6), a China reconheceu ser dona de outro balão que sobrevoava a América Latina e se tornou de conhecimento público após anúncio dos EUA. De acordo com o regime de Xi Jinping, trata-se de um objeto civil usado para testes de voo.

Questionada, Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, disse que, devido a forças meteorológicas e a uma capacidade de manobra limitada, o balão desviou da rota programada e, de maneira acidental, dirigiu-se para a América Latina e o Caribe.

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