Europeus anunciam cem tanques à Ucrânia, e Rússia fala em escalada imprevisível

Alemanha, Holanda e Dinamarca enviarão blindados Leopard-1, modelo mais antigo que o anunciado há duas semanas

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Berlim | AFP e Reuters

Alemanha, Holanda e Dinamarca anunciaram nesta terça-feira (7) que enviarão ao menos mais cem tanques Leopard-1 para a Ucrânia nos próximos meses, em mais uma tentativa de conter os avanços russos no leste do país no mês em que a guerra completa um ano.

Os modelos Leopard-1 são mais antigos que os 14 tanques Leopard-2 anunciados pela Alemanha no último dia 25 e necessitam de reparos e preparo para serem usados em campo pelo Exército ucraniano.

"É um tanque já testado", afirmou a ministra da Defesa da Holanda, Kajsa Ollongren. "Eles estão sendo preparados e serão úteis para os ucranianos, além de serem melhores que alguns modelos russos."

Tanques Leopard-1 em fábrica na Bélgica
Tanques Leopard-1 em fábrica na Bélgica - Yver Heman - 31.jan.23/Reuters

Há duas semanas, além dos tanques Leopard-2 alemães e da autorização de Berlim para que outros países reexportem os blindados, os EUA também anunciaram o envio de 31 tanques modelo M1 Abrams. Demanda recorrente de Kiev, que pedia ao menos 300 tanques, os veículos podem ajudar na tentativa de reverter a maré do conflito, recentemente mais propensa ao lado russo.

O número antes anunciado não teria impacto tão significativo, segundo especialistas, que apontam a cifra de 100 a 300 blindados Leopard-2 bem equipados como necessária para uma mudança concreta. Assim, o recém-anunciado envio dos Leopard-1 também abre dúvidas sobre a efetividade da ajuda.

O trio de países responsável pela iniciativa também disse que vai conceder à Ucrânia treinamento, suporte logístico, peças e munição para a operação das máquinas. O modelo, por ser antigo —tem canhão de calibre 105 mm, ante 120 mm do Leopard-2— e operado apenas por alguns países, exige compra de projéteis para uso em um prazo mais exíguo, dilema que de certo modo envolve o Brasil.

Em janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou pedido da Alemanha para fornecimento da munição necessária a Kiev. O Brasil é um dos poucos países que ainda opera modelos Leopard-1, além de Chile, Grécia e Turquia —os dois últimos são membros da Otan, a aliança militar ocidental.

A requisição negada pelo petista foi feita antes de Berlim destinar os Leopard-2 aos ucranianos e mostrou que ao menos a hipótese de envio dos tanques mais antigos já era feita pelos alemães, que passaram o primeiro ano de conflito hesitantes em se envolver diretamente na guerra em comparação a outros membros da Otan e da União Europeia.

Ainda não há informações sobre a data em que os Leopard-1 serão entregues nem sobre como será feito o acordo com as empresas alemãs produtoras dos blindados. Também não se sabe o número exato de veículos que será disponibilizado e como será a divisão de custos entre países e fabricantes.

Mais cedo nesta terça, a fabricante alemã de tanques Rheinmetall indicou que entre 20 e 25 blindados seriam enviados ainda neste ano, e os 88 Leopard-1 restantes que a empresa possui, no ano que vem.

"Temos o número de tanques, mas eles precisam ser remodelados para batalha e equipados, então não sabemos exatamente ainda quantos serão enviados, mas é um número grande para repelir a invasão russa nesta primavera", afirmou o ministro das Finanças alemão, Robert Habeck, após reunião com o secretário de Estado americano, Antony Blinken.

Também nesta terça, a Rússia disse que suas incursões no leste do país, particularmente nas áreas das cidades de Bakhmut e Vuhledar, no Donbass, avançam "com êxito". O ministro russo da Defesa, Serguei Choigu, advertiu os aliados de Kiev de que o aumento da ajuda ocidental pode levar a um nível "imprevisível" de escalada do conflito.

O fornecimento dos blindados marcou uma mudança de rumo dos aliados ocidentais da Ucrânia, que até então haviam se comprometido apenas com equipamentos como armas antitanque portáteis Javelin e sistemas de defesa antiaéreo Patriot, no caso dos americanos.

Antes, Washington argumentava que seria contraproducente enviar os veículos Abrams aos ucranianos porque são blindados que exigem treinamento complexo e consomem muito combustível.

O anúncio dos Leopard-1 ocorreu no mesmo dia em que o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, fez uma visita surpresa à capital do país invadido, onde se encontrou com o presidente Volodimir Zelenski e seu homólogo ucraniano, Oleksii Reznikov.

Reznikov publicou uma foto com Pistorius segurando a réplica de um tanque e escreveu que os modelos Leopard-2 anunciados anteriormente pelos alemães já chegaram a Kiev. No domingo (5), a Ucrânia anunciou que iria mudar o titular da Defesa, trocando Reznikov por Kirirlo Budanov, chefe da inteligência militar, embora não tenha informado quando isso ocorreria e para qual cargo o atual ministro iria.

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