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Justiça da Itália absolve Berlusconi por compra de testemunhas no caso 'bunga-bunga'

Ex-premiê foi acusado de pagar para que participantes de festas mentissem sobre seu envolvimento com menores

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São Paulo

O ex-premiê da Itália Silvio Berlusconi, 86, foi absolvido nesta quarta-feira (15) da acusação de suborno de testemunhas para que mentissem sobre o suposto envolvimento do líder populista em um escândalo de prostituição de menores nas festas que ficaram conhecidas como "bunga-bunga".

Berlusconi foi acusado de subornar 24 pessoas, a maioria das quais mulheres, para que fossem dados falsos testemunhos em um julgamento de 2015. À época, o ex-primeiro-ministro foi absolvido, por falta de provas, da acusação de ter feito sexo com uma menor de idade em uma das festas.

Silvio Berlusconi durante comício em Roma, na Itália
Silvio Berlusconi durante comício em Roma, na Itália - Yara Nardi - 22.set.22/Reuters

Depois da absolvição, promotores disseram ter encontrado indícios de que Berlusconi fez pagamentos às testemunhas e pediram que ele fosse condenado a seis anos de prisão —o ex-premiê nega o crime e diz ser vítima de perseguição política, mas já admitiu ter dado dinheiro a participantes das festas.

De acordo com a defesa do ex-primeiro-ministro, o dinheiro era uma indenização pelos danos à reputação das pessoas envolvidas no caso, e o político teria sido processado por sua generosidade.

Nesta quarta, o juiz responsável pelo caso apontou erros na denúncia apresentada pelos promotores e decidiu absolver o populista. "Finalmente absolvido após mais de 11 anos de sofrimentos, calúnias e danos políticos incalculáveis", escreveu Berlusconi nas redes sociais.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, também comemorou a decisão. Em outubro, ela foi nomeada ao cargo após compor uma coalização de ultradireita que inclui o Força, Itália, legenda de Berlusconi. "Uma excelente notícia que põe fim a um longo processo que teve repercussões na vida política italiana."

O caso veio à tona em 2011, quando a marroquina Karima El Mahoroug, conhecida como Ruby "Rouba Corações", revelou detalhes das festas "bunga-bunga". Os eventos reuniam prostitutas, políticos e empresários para orgias na mansão do ex-premiê em Arcore. O escândalo aumentou a pressão judicial sobre Berlusconi e foi apontado como um dos fatores de sua renúncia ao cargo, em novembro de 2011.

Os processos relacionados ao caso foram divididos em três cidades: Siena, Roma e Milão, onde moravam as testemunhas acusadas de terem recebido subornos. Berlusconi já havia sido absolvido pelos tribunais de Siena e Roma. Os promotores estão apelando das decisões.

Em 2022, o ex-premiê foi eleito para o Senado. A eleição marcou seu retorno ao cenário político, após a sua expulsão da Casa em 2013 devido a uma condenação por fraude fiscal.

Berlusconi acumula uma série de problemas de saúde, além dos escândalos e condenações criminais. A despeito da longa e controversa ficha, o bilionário usa seu capital político acumulado ao longo de décadas para se apresentar como um grande negociador dentro de sua coalizão. Recentemente, gerou polêmica ao criticar o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, e defender Vladimir Putin, o que irritou aliados.

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