Descrição de chapéu Governo Biden China

Republicanos pressionam visita de Blinken à China após revelação de balão

Pequim diz que objeto tem fins de pesquisa sobretudo meteorológicos e entrou em espaço aéreo dos EUA por engano

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São Paulo

O anúncio desta quinta-feira (2) de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território dos Estados Unidos teve ampla repercussão em Washington, onde parlamentares republicanos cobraram o presidente, Joe Biden, por uma posição mais rigorosa em relação ao regime liderado por Xi Jinping.

O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, definiu o caso como exemplo da "afronta descarada da China sobre a soberania americana", argumento ecoado por outros congressistas da legenda. Ele afirmou que pediria a realização de um briefing de segurança sobre a situação para um grupo das duas Casas.

Balão sobrevoa a cidade de Billings, em Montana - Chase Doak -1º.fev.22/via Reuters

Outro parlamentar republicano, Marco Rubio, que participa do Comitê de Inteligência do Senado, afirmou que a notícia era alarmante, mas não surpreendente. "O nível de espionagem voltado para o nosso país por Pequim se intensificou e ficou mais evidente nos últimos cinco anos", escreveu ele no Twitter.

O episódio acabou por adiar a viagem que o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, faria a Pequim.

Nesta sexta (3), a chancelaria chinesa afirmou em nota que o balão era uma aeronave civil usada em pesquisas, sobretudo meteorológicas, que se desviou de seu trajeto planejado em razão de ventos.

O comunicado ainda lamenta a entrada do objeto no espaço aéreo americano —uma atitude conciliatória pouco usual para o gigante asiático, cuja mídia frequentemente acusa os EUA de fomentarem um clima de Guerra Fria. Mais cedo, a porta-voz da pasta, Mao Ning, afirmou a repórteres em Pequim que o regime ainda investigava o ocorrido e condenou o que chamou de "elucubrações e boatos" acerca do incidente.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa do Canadá afirmou ter detectado um outro balão, que passou a ser monitorado para observar se o objeto representava um "segundo incidente potencial" —a pasta não esclareceu se os dois casos podem ter relação. Autoridades dos EUA disseram que o balão sobrevoou as ilhas Aleutas, no Alasca, e o Canadá antes de surgir em Billings, em Montana, na quarta (31) —o estado abriga a base da Força Aérea em Malmstrom, onde estão 150 silos de mísseis balísticos intercontinentais, além de várias outras áreas consideradas sensíveis que teriam figurado na rota do artefato.

O Exército americano chegou a mobilizar caças para o caso de a Casa Branca ordenar a derrubada do artefato, cujo tamanho foi comparado ao de três ônibus por oficiais que falaram em condição de anonimato. Mas o risco de que os destroços atingissem a população em terra fez o Pentágono orientar a Casa Branca a mantê-lo voando, recomendação acatada pelo governo Biden.

Analistas militares indicam que esta não foi a primeira vez que a China envia balões para os EUA —a diferença é que, desta vez, o objeto permaneceu no país por mais tempo. De todo modo, eles não representariam uma grande ameaça física ou militar, uma vez que têm capacidade limitada de coletar inteligência, em especial em comparação com satélites.

O momento já era de tensão entre Washington e Pequim mesmo antes do incidente, com o vazamento de um memorando dos EUA na semana passada em que o general Mike Minihan, chefe do Comando de Mobilidade Aérea do país, previa que as duas potências travariam uma guerra em 2025. O motivo seria uma tentativa do gigante asiático de tomar à força Taiwan, ilha que considera uma província rebelde.

Na mídia americana, especula-se que a decisão do Pentágono de divulgar a informação busca servir como espécie de alerta para a China. A revelação da existência do balão foi feita ao mesmo tempo em que William Burns —diretor da CIA, a agência de inteligência americana— descrevia o gigante asiático como o "maior desafio geopolítico" dos EUA hoje em evento na Universidade de Georgetown, em Washington.

As relações entre a China e os EUA vêm se desgastando nos últimos anos, em especial após a visita da então presidente da Câmara, Nancy Pelosi, a Taiwan em agosto. Pequim considera a área parte inalienável de seu território; só o reconhecimento de seu governo como autônomo já significaria violar a política de "uma só China" e, portanto, a soberania chinesa. Desde então, Washington e Pequim tentam se comunicar com mais frequência, de modo a prevenir maiores atritos.

Com New York Times e Reuters

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