A pressão que atingiu o líder de uma empresa estatal da Itália nomeado há poucos meses pela primeira-ministra Giorgia Meloni após um email com referências ao líder fascista Benito Mussolini o levou a pedir demissão do posto, de acordo com jornais locais.
Claudio Anastasio, que chefiava a 3-I, empresa de sistemas de software voltados para programas de bem-estar e estatística, enviou um email interno no qual mencionava um discurso no qual Mussolini, em 1925, reivindicava responsabilidade pelo assassinado do deputado socialista Giacomo Matteotti.
Anastasio foi nomeado em novembro passado por Meloni, política conservadora cujo partido, o Irmãos da Itália, tem origens no fascismo. No email enviado à equipe, ele dizia: "Declaro perante vocês e perante todo o governo da Itália que assumo (só eu!) a responsabilidade (política! moral! histórica!) da 3-I".
O trecho é quase idêntico ao discurso de Mussolini: "Declaro perante a essa Assembleia e perante a todo o povo italiano que assumo, sozinho, a responsabilidade política, moral e histórica de tudo o que aconteceu".
Muitos historiadores consideram o discurso do líder fascista como um ponto importante da ditadura na Itália, que se estendeu até 1943, quando Mussolini foi deposto e preso.
Pressionada pela opinião pública, Meloni buscou se desvencilhar de simpatias a regimes totalitários logo que assumiu o governo. Em seu primeiro discurso ao Parlamento italiano, afirmou: "Nunca senti qualquer simpatia ou proximidade com regimes antidemocráticos. Por nenhum regime, incluindo o fascismo".
Ainda aos 15 anos, a política ingressou na seção juvenil do Movimento Social Italiano (MSI), fundado em 1946 por membros da parte final do regime de Mussolini. O logo de sua atual legenda, o Irmãos da Itália, tem uma chama com as três cores da bandeira —também uma herança fascista— e integrantes que comemoram datas ligadas ao movimento.
Seu governo já registrou outros casos em parte semelhantes ao de Claudio Anastasio. Em novembro, tornou-se de conhecimento público que a primeira-ministra havia nomeado como subsecretário do Ministério da Infraestrutura Galeazzo Bignami, que em 2016 teve revelada uma foto usando uma braçadeira com uma suástica nazista.
A imagem, de 2005, registra o deputado em sua despedida de solteiro. Correligionário de Meloni, ele foi reeleito em setembro. Em comunicado depois de ser nomeado, disse ter profunda vergonha da imagem do passado e afirmou condenar "qualquer forma de totalitarismo", classificando o nazismo de mal absoluto.
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