A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, nomeou na segunda (31) como subsecretário do Ministério da Infraestrutura Galeazzo Bignami, que em 2016 teve revelada uma foto usando uma braçadeira com uma suástica, um símbolo nazista. A imagem, de 2005, registra o deputado em sua despedida de solteiro.
O caso aqueceu o debate sobre a condescendência do governo de Meloni com ideologias totalitárias. A política, afinal, lidera o Irmãos da Itália, partido com origens no fascismo de Benito Mussolini —a bandeira da legenda carrega o desenho de uma chama em três cores, simbologia associada ao movimento.
Bignami, 47, correligionário de Meloni, foi reeleito em setembro para o Parlamento. Em comunicado depois de ser nomeado, disse ter profunda vergonha da imagem do passado e afirmou condenar "qualquer forma de totalitarismo", classificando o nazismo de mal absoluto.
Meloni não comentou a foto de seu novo subsecretário. Mas, na última semana, também tentou se desvencilhar de qualquer ideologia semelhante. "Nunca senti simpatia ou tive proximidade com regimes antidemocráticos", afirmou em sua primeira fala ao Parlamento. "Sempre considerei as leis antissemitas de 1938 o ponto mais baixo da história italiana, uma vergonha que assombrará nosso povo para sempre."
Bignami será subsecretário da pasta comandada pelo vice-premiê Matteo Salvini, líder da Liga e um dos principais rostos da direita italiana.
A nomeação foi criticada pelo maior grupo antifascista italiano, a Associação Nacional dos Partisans Italianos, e pela oposição. Numa rede social, Marco Furfaro, do Partido Democrático, compartilhou a foto e escreveu: "Uma indecência à Constituição italiana, à memória, à história e às vítimas da suástica".
Meloni também nomeou como subsecretário do Ministério do Trabalho Claudio Durigon, da Liga, político que no ano passado renunciou a um cargo na pasta da Economia após sugerir que o nome de Arnaldo Mussolini, irmão do ditador fascista, batizasse uma praça pública.
Outro nome polêmico do gabinete é o da subsecretária de Defesa Isabella Rauti, filha de Pino Rauti, que foi funcionário do Movimento Social Italiano (MSI), partido fundado em 1946 pelos apoiadores de Mussolini.
Na chefia do Senado também está um simpatizante do fascismo: Ignazio La Russa, que cofundou o Irmãos da Itália. Sua ligação com Mussolini vem de família: seu pai foi secretário do partido do ditador.
La Russa, cujo nome do meio é Benito, iniciou a carreira na ala jovem do Movimento Social Italiano. Em um vídeo de 2018, ele mostrou à imprensa fotos, medalhas e miniestátuas de Mussolini que tem em casa.
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