O CGT (Confederação Geral do Trabalho), maior central sindical da França, anunciou nesta terça-feira (28) que os coletores de lixo de Paris voltam ao trabalho na quarta. Com isso, encerram uma greve de três semanas que deixou cerca de 10 mil toneladas de resíduos se acumularem nas ruas e transformou a cidade-luz em um lixão a céu aberto.
O CGT afirmou, no entanto, que o término da mobilização não significa o fim da luta contra a reforma da Previdência promovida pelo governo de Emmanuel Macron. Segundo o sindicato, a ideia é discutir como renová-la em um momento em que quase não restam grevistas —funcionários que aderem às paralisações perdem a parte do salário correspondente às horas não trabalhadas.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, disse que nesta terça ainda restavam cerca de 7.000 toneladas para serem coletadas. Mais protestos estão marcados para a data.
A categoria tinha interrompido serviços de limpeza municipal em metade dos bairros parisienses em 6 de março. Também havia bloqueado três incineradores de lixo que atendem a capital —na sexta-feira passada, o próprio sindicato liberou dois deles, e a polícia depois exigiu a volta do funcionamento do terceiro.
Aprovada graças a um dispositivo considerado pouco democrático, a reforma previdenciária eleva a idade mínima para aposentadoria de 62 para 64 anos, e aumenta os anos de contribuição para acesso à pensão integral de 42 para 43 anos.
A legislação, que ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Constitucional, também aumenta a idade mínima de aposentadoria para atividades mais penosas, como policiais e bombeiros, de 57 para 59 anos. É nesta classe que garis e motoristas de caminhões de lixo se encaixam.
O sindicato da categoria considera as mudanças inaceitáveis, e usa como argumento o fato de que profissionais da área tem uma expectativa de vida de 12 a 17 anos menor que a média francesa. Coletores de outras cidades do país, como Nantes, Antibes e Montpellier, também tinham aderido ao movimento.
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