Governo dos EUA dá aval a embaixadora brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti

Diplomata, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, deve se tornar primeira mulher a chefiar embaixada em Washington

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São Paulo

O Itamaraty anunciou na noite desta segunda-feira (30) que o governo dos Estados Unidos concedeu à diplomata brasileira Maria Luiza Ribeiro Viotti o agrément —documento diplomático que indica concordância do governo anfitrião com a nomeação para o posto de Washington.

Viotti, que ainda tem de ser aprovada pelo Senado, deve se tornar a primeira mulher a chefiar a embaixada nos EUA. Ela foi representante do país na ONU, embaixadora em Berlim (2013-2016), subsecretária-geral da Ásia e do Pacífico (2016 e 2017) e chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.

A embaixadora Maria Luiza Viotti, ex-chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, durante encontro nas Nações Unidas
A embaixadora Maria Luiza Viotti, ex-chefe de gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres, durante encontro nas Nações Unidas - Rick Bajornas - 8.fev.17/UN Photo/Divulgação

Colocar embaixadoras à frente de representações cruciais para o Brasil vai ao encontro das promessas do chanceler Mauro Vieira de aumentar o número de mulheres em cargos de liderança. Ele, porém, foi criticado por não designar uma mulher para o posto em Buenos Aires —Julio Bitelli foi o escolhido.

Antes de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolher Vieira para o Itamaraty, havia pressão de mulheres e de setores do PT para a escolha de uma chanceler, mas o diplomata, muito próximo do ex-ministro e atual assessor internacional Celso Amorim, acabou sendo o indicado.

No começo do mês, Vieira removeu o embaixador brasileiro em Washington, Nestor Forster, e a cônsul em Nova York, Maria Nazareth Farani Azevêdo, identificados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ambos tinham a saída dada como certa com o começo do governo Lula.

Forster tinha bom trânsito em Washington e experiência na representação desde os anos 1990, tendo atuado inclusive sob governos petistas, mas sua defesa aberta de Bolsonaro durante o período no cargo, além do elo com figuras do bolsonarismo, colocaram-no no topo da lista de trocas do novo governo.

Nesta segunda, Forster fez elogios à Viotti após o Itamaraty informar que o agrément foi concedido. "Diplomata de carreira com credenciais excepcionais, a embaixadora Viotti é admirada entre seus pares e contribuirá muito para o avanço da parceria Brasil-EUA", escreveu o diplomata nas redes sociais.

Já Azevêdo foi chefe de gabinete do então chanceler Celso Amorim de 2005 a 2008. Ela chegou a ser cogitada como chanceler no governo Dilma (2011-2016), antes de se aproximar do bolsonarismo.

Lula deve viajar aos EUA no dia 10 de fevereiro. O encontro do brasileiro com seu homólogo americano, Joe Biden, foi negociado antes de ele tomar posse. No mês seguinte, o petista vai à China.

Na semana passada, o presidente brasileiro encontrou o líder da Argentina, Alberto Fernández, na sétima edição da Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Buenos Aires.

A embaixadora Maria Laura da Rocha foi nomeada secretária-geral do Itamaraty, o segundo cargo mais alto na hierarquia do ministério –também é a primeira vez que uma mulher ocupa o cargo.

À Folha ela defendeu as demandas de diversidade na área. "Queremos ter muitas profissionais no topo da carreira, mais mulheres no comando. Chegará um momento em que teremos uma chanceler. É inevitável."

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