Presidente do Peru é investigada por suposta lavagem de dinheiro

Dina Boluarte já responde por suspeita de genocídio pela repressão aos protestos que tomaram o país após destituição de Pedro Castillo

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São Paulo

Mais suspeitas recaem sobre a presidente do Peru, Dina Boluarte. Nesta terça-feira (28), o Ministério Público do país afirmou que a líder é investigada por supostos crimes de financiamento ilegal de organizações políticas, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Trata-se de mais um caso a reforçar a tormenta que tem sido o seu governo até agora. Boluarte está no poder desde o início de dezembro, quando o Congresso destituiu o então presidente, Pedro Castillo, depois que ele tentou fechar o Parlamento, intervir no sistema judicial e governar por decreto em um autogolpe fracassado.

Dina Boluarte durante entrevista no palácio presidencial, em Lima - Ernesto Benavides - 24.fev.23/AFP

O anúncio da Promotoria acontece dois dias antes de o Congresso, controlado pela direita e atualmente aliado de Boluarte, debater uma moção de destituição da presidente, apresentada pela bancada de esquerda.

A tendência, no entanto, é que a medida não seja aprovada porque exige 52 votos. Atualmente, a ala de esquerda tem apenas 35 cadeiras no Congresso.

O ex-presidente Castillo, de quem Boluarte era vice, e Henry Shimabukuro, ex-conselheiro presidencial de Castillo, também estão sendo investigados no mesmo caso, que remete a supostas contribuições ilícitas durante a campanha eleitoral vencedora do partido Perú Livre, em 2021.

O promotor do caso, Richard Rojas, tomou a decisão depois que Shimabukuro declarou ter provas do envolvimento de Boluarte nas supostas arrecadações ilegais de fundos eleitorais.

Em uma entrevista à emissora Epicentro, o ex-conselheiro afirmou que, durante o segundo turno, financiou quase todos os gastos de campanha da então candidata à vice-presidência por meio da sua empresa, a Kuroshima Ingeniería y Construcción.

Ele diz ter entregue à Justiça áudios, fotografias e diálogos do aplicativo de mensagens WhatsApp com a participação de Boluarte. Na terça, uma suposta fatura dos pagamentos de hospedagem entre os dias 28 e 31 de maio de 2021 começou a circular na imprensa local.

A presidente costuma negar seus vínculos com Shimabukuro, classificando-o de um infiltrado do ex-presidente Castillo, preso desde dezembro pela acusação de rebelião.

Maritza Sánchez, ex-assistente de Boluarte, confirma a existência de vínculos entre os dois envolvidos na suspeita. "Se a senhora [Maritza Sánchez] diz que tem algo estranho, é ela quem tem que demonstrar, não eu. Do meu lado, todo o trabalho foi feito de maneira clara", respondeu a presidente sobre as acusações.

Pelo Twitter, a Presidência afirmou que a campanha de 2021 não foi de Boluarte, mas do ex-presidente Castillo e do partido Peru Livre. "Não existiu nenhum tipo de negociação, pedidos ou favores da senhora Dina Boluarte. A então candidata à Vice-Presidência não recebeu dinheiro algum desse senhor nem de ninguém", escreveu a Presidência. "A senhora presidente rechaça enfaticamente essa manobra obscura que pretende manchar o governo constitucional, a democracia e a institucionalidade."

Na mesma rede social, o secretário-geral da Associação Civil Transparência, Ivan Lanegra, afirmou que pessoas jurídicas estão proibidas de contribuir, em dinheiro ou em espécie, para despesas de campanha. "É uma fonte proibida pela Lei das Organizações Políticas", escreveu.

Em janeiro, o Ministério Público do país começou a investigar diversas autoridades, entre elas Boluarte, por supostos crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves na repressão aos protestos que tomaram o país desde a destituição de Castillo.

Desde o início das manifestações, 49 civis morreram nos confrontos, assim como sete funcionários das forças de segurança, de acordo com a Defensoria do Povo.

No início do mês, a Justiça do Peru ampliou de 18 para 36 meses a prisão preventiva de Castillo. A decisão recaiu sobre o político no âmbito das acusações segundo as quais ele liderava uma organização criminosa que atuou na estatal Petroperú e nos ministérios de Transporte, Habitação, Construção e Saneamento.

Com AFP

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