Sete policiais nos EUA são presos acusados de matar homem negro sob custódia

Irvo Otieno morreu quando era transferido de uma prisão para um centro de saúde mental, em Virgínia; outros três ex-funcionários do hospital psiquiátrico também foram detidos

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São Paulo

Sete policiais do condado de Henrico, na Virgínia (EUA), foram presos na terça-feira (14) sob a acusação de assassinato de um homem. Outros três ex-funcionários de um hospital psiquiátrico também foram detidos nesta quinta (16), sob a mesma acusação. Segundo os promotores, Irvo Otieno, um homem de negro de 28 anos, foi sufocado quando estava sob custódia do Estado.

De acordo com a advogada comunitária Ann Cabell Baskervill, Otieno foi morto no dia 6 de março enquanto era transferido de uma prisão para um centro de saúde mental em Petersburg, a cerca de 40 quilômetros ao sul de Richmond, capital da Virgínia.

Manifestantes seguram cartazes contra a violência policial em frente ao Tribunal Distrital dos EUA em Minnesota - Kerem Yucel - 24.mai.2022/Reuters

Segundo a emissora americana CNN, Baskervill afirmou durante uma audiência nesta quarta-feira (15) que um vídeo mostra Otieno com os pés e as mãos algemados, sendo pressionado contra o chão pelos sete oficiais ao longo de 12 minutos. "Eles o sufocaram até a morte", disse a advogada.

Os réus foram identificados como Randy Joseph Boyer, 57, Dwayne Alan Bramble, 37, Jermaine Lavar Branch, 45, Bradley Thomas Disse, 43, Tabitha Renee Levere, 50, Brandon Edwards Rodgers, 48, e Kaiyell Dajour Sanders, 30.

A nova lista de acusações, que eleva o número para 10, identifica ainda Darian Blackwell, 23, Wavie Jones, 34, e Sadarius Williams, 27. Eles foram levados sob custódia nesta quinta. As autoridades não descartam fazer mais acusações ou prisões.

Os médicos legistas não divulgaram a causa da morte. A versão apresentada aos promotores é de que Otieno foi contido porque estaria sendo "combativo".

Por meio de uma publicação no Facebook, o sindicato da polícia local manifestou apoio aos oficiais. "O policiamento nos EUA hoje é difícil, ainda mais pela possibilidade de ser acusado criminalmente pelo cumprimento de seu dever", escreveu a entidade, que criticou o método de acusação usado. "Cientes da presunção de inocência de todos os acusados, apoiamos nossos irmãos e irmãs e esperamos uma resolução rápida que limpe seus nomes."

Os policiais foram colocados em licença administrativa, e haverá, segundo Alisa Gregory, delegada do condado de Henrico, uma investigação independente sobre o ocorrido. Os ex-funcionários do hospital estão detidos sem fiança em uma prisão no condado vizinho de Brunswick, de acordo com os promotores.

O advogado da família, Mark Krudys, afirmou à CNN que Otieno, nascido no Quênia, chegou aos EUA aos 4 anos e tinha o sonho de se tornar um artista de hip hop. Ele tomava medicamentos para tratamento psiquiátrico e estava em uma crise, de acordo com o advogado, quando foi detido.

Segundo a emissora NBC, Otieno foi identificado como o possível autor de um roubo no dia 3 de março. Três dias depois, foi transferido para o centro de saúde mental, onde morreu.

No dia em que foi levado, sua mãe implorou aos policiais para que não o tratassem com agressividade, segundo Krudys. "Em vez disso, ele foi jogado no sistema de justiça criminal e tratado agressivamente e maltratado na prisão", disse ele.

O incidente é o mais recente de uma série de casos de violência policial contra pessoas negras nos EUA. O mais notório é o de George Floyd, um homem negro de 46 anos que morreu depois de ser algemado e ter o pescoço prensado contra o chão pelo joelho de um policial em Minnesota. A morte dele desencadeou uma série de protestos no mundo contra a brutalidade policial e o racismo.

Com Reuters

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