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Suicídio de filho de deputada na Polônia desperta críticas à mídia e ao governo

Jovem foi vítima de abuso sexual em 2020, e caso foi exposto por rádio estatal ligada ao partido governista

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São Paulo

A deputada de oposição na Polônia Magdalena Filiks anunciou na sexta-feira (3) que seu filho Mikołaj, 15, suicidou-se no último dia 17 após a rádio estatal noticiar um abuso sexual que ele sofreu em 2020. O caso provocou críticas ao governo e ao partido no poder.

Em dezembro, a rádio Szczecin informou que o filho de uma parlamentar fora vítima de Krzysztof F. —político da Plataforma Cívica, mesmo partido de Filiks, e ativista LGBTQIA+ condenado em 2021 por abuso sexual e fornecimento de droga a menores de idade.

A deputada polonesa Magdalena Filiks, mãe de Mikołaj
A deputada polonesa Magdalena Filiks, mãe de Mikołaj - @Magdalena Filiks no Facebook

A rádio, que é ligada à sigla conservadora Lei e Justiça (PiS), hoje no poder, não divulgou o nome do garoto, mas deu informações suficientes para que o identificassem. Na época do caso, a Justiça havia preservado a identidade do menino, respeitando a lei.

Filiks afirmou em redes sociais que o funeral do filho será realizado em Szczecin, cidade no noroeste do país onde Mikołaj nasceu, nesta terça-feira (7) —véspera do dia em que completaria 16 anos.

"Em meu nome e em nome das minhas filhas, Aleksandra e Maja, peço à 'mídia' que respeite a privacidade da minha família e não venha", disse a deputada em nota. Nem a rádio nem a TV estatais noticiaram a morte de Mikołaj.

O partido governista usou o caso para criticar a oposição. "As mesmas pessoas que gritam sobre a luta contra a pedofilia estão escondendo que há pedófilos em suas fileiras", disse o ministro da Educação, Przemysław Czarnek, na época da divulgação do crime.

Segundo a agência de notícias Associated Press, o porta-voz do governo, Piot Müller, não se pronunciou sobre o assunto. O país se prepara para eleições no final deste ano, quando o PiS, no poder desde 2015, tentará obter maioria no Parlamento outra vez. A sigla, acusada de erodir a democracia polonesa por meio de ataques ao Judiciário, costuma ressaltar que abusos sexuais não são exclusivos da Igreja Católica.

Políticos da oposição e cidadãos criticaram o governo nas redes sociais. "Vamos responsabilizar o PiS por cada vilania, por todos os danos humanos e tragédias que eles causaram enquanto estavam no poder. Eu prometo", afirmou Donald Tusk, líder da Plataforma Cívica. De acordo com a mídia local, a deputada da oposição Joanna Scheuring-Wielgus afirmou que notificará o Ministério Público sobre o caso, e a Promotoria distrital de Szczecin confirmou que está investigando a morte de Mikołaj.

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