China e Rússia prometem estreitar parceria militar em meio a críticas do Ocidente

Pequim volta a negar planos de enviar armas a Moscou, e parceiros criticam o que chamam de interferências externas

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São Paulo

Reunidos em Moscou no início desta semana, os chefes militares de Rússia e China deram mais um passo no estreitamento da proclamada "amizade sem limites" entre os dois países. O russo Serguei Choigu e o chinês Li Shangfu prometeram estreitar a cooperação e o comércio militar entre seus Estados.

Em um comunicado divulgado por Pequim na noite desta terça-feira (18), o Ministério da Defesa chinês afirma que os dois lados concordaram em "expandir a cooperação entre serviços e academias militares, de modo a promover o desenvolvimento das relações China-Rússia".

O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Choigu, e seu homólogo chinês, Li Shangfu, durante encontro em Moscou
O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Choigu, e seu homólogo chinês, Li Shangfu, durante encontro em Moscou - Divulgação Ministério da Defesa da Rússia - 18.abr.23/AFP

Pouco depois, o chinês Li Shangfu afirmou que as Forças Armadas vão implementar "cuidadosamente os acordos alcançados e promover a cooperação técnica e o comércio militar" entre Moscou e Pequim. "Definitivamente os levaremos ao próximo nível", disse ele, segundo relato da agência estatal russa Tass.

Ainda no comunicado, os países dizem, como tem sido praxe, que apoiam de forma recíproca suas "soberanias, integridades territoriais e segurança". E há um recado ao Ocidente, quando dizem que se opõem, "resolutamente, à interferência externa nos assuntos internos".

O encontro e a posterior declaração fazem avançar os laços entre os países vizinhos, aprofundados desde que teve início a Guerra da Ucrânia —com poucos aliados além de sua órbita da antiga União Soviética, Moscou recorreu a Pequim, em especial na agenda econômica, com incremento de exportações.

Também por isso chama a atenção o ingrediente militar das tratativas. Desde meados de fevereiro, países do Ocidente pedem que a China não envie armas para Moscou usar na guerra. O assunto surgiu após insinuação do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, responsável pela diplomacia americana.

O próprio presidente americano, Joe Biden, já afirmou que por ora não há evidências de que tenha havido envio de munições. E a China nega que pretenda fazer isso. Mas os alarmes não deixam de soar.

Em recente entrevista à rede americana CNN, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse que fornecer armas a Moscou seria cruzar uma "linha vermelha". E os países-membros da União Europeia (UE) também intensificaram o discurso em relação ao tema.

Nesta quarta-feira (19), Pequim voltou a negar a possibilidade. À Tass o representante do regime comunista para Assuntos da Península Coreana, Liu Xiaoming, disse que "a China não é instigadora nem parte da crise ucraniana e nunca forneceu armas a nenhuma das partes do conflito".

Em crítica a Washington, disse também que os EUA não têm o direito de emitir ordens sobre o assunto. "Não aceitaremos nenhum tipo de 'dica' ou 'chantagem' dos EUA", afirmou.

A reunião dos chefes militares ocorreu poucas semanas após uma visita do líder chinês, Xi Jinping, à Rússia. A viagem se deu poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ser indiciado por crime de guerra na Ucrânia pelo TPI (Tribunal Penal Internacional).

Países como Estados Unidos, China, Rússia e mesmo a Ucrânia não são signatárias do Estatuto de Roma, fundador do TPI, ainda que Kiev tenha aceitado que o tribunal atue em seu território durante a guerra para realizar investigações. Assim, essa decisão dificilmente terá algum efeito prático.

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