Rússia diz que não perdoará rejeição dos EUA a vistos para jornalistas

Profissionais acompanhariam posse de Moscou no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Moscou | AFP

O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse neste domingo (23) que Moscou não perdoará os EUA por negarem vistos a jornalistas que deveriam acompanhá-lo à sede da ONU no início desta semana.

"Não vamos esquecer nem perdoar", afirmou ele, que presidirá as reuniões de segunda e terça-feira do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, onde fica a sede do órgão. Neste mês, a Rússia assume a presidência do órgão, que é alternada entre os membros —permanentes ou não— em ordem alfabética.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, em entrevista coletiva em Havana
O chanceler russo, Serguei Lavrov, em entrevista coletiva em Havana - 20.abr.23/Ministério de Relações Exteriores da Rússia via AFP

O ministro russo classificou a decisão de Washington de "estúpida" e "covarde". "Um país que afirma ser o mais inteligente, o mais forte, o mais livre se acovardou e fez algo estúpido", afirmou Lavrov. Os EUA, continuou ele, "mostraram o quanto valem suas declarações de liberdade de expressão".

O vice-ministro da pasta Serguei Riabkov afirmou que a negativa veio após a Rússia fazer contato com as autoridades americanas diversas vezes nos últimos dias. Ele criticou o que chamou de "método ultrajante e inaceitável" e afirmou que Washington finge estar trabalhando para encontrar uma solução.

"Vamos encontrar maneiras de responder, para que os americanos se lembrem por muito tempo de que isso não se faz. E eles se lembrarão", disse Riabkov.

Uma fonte diplomática citada pela agência estatal russa de notícias Ria Novosti afirmou que não há dúvidas de que jornalistas americanos na Rússia vão sofrer todos os "incômodos e inconvenientes", além de uma atitude semelhante por parte das autoridades do país.

O imbróglio acontece após o FSB (Serviço Federal de Segurança) da Rússia prender em março um repórter do jornal americano The Wall Street Journal sob a acusação, sem apresentação de provas, de espionar segredos militares para Washington.

Na terça (18), a Justiça russa negou um recurso da defesa de Evan Gerchkovitch, 31, para que ele fosse libertado sob fiança. Com a negativa do tribunal, o repórter seguirá preso até pelo menos 29 de maio.

Ele foi o primeiro jornalista americano detido na Rússia por denúncias desse tipo desde o fim da Guerra Fria. A prisão gerou uma onda de comoção internacional, com organizações jornalísticas e de direitos humanos —algumas do Brasil, inclusive— pedindo que ele seja colocado em liberdade.

O Wall Street Journal nega as acusações e já pediu uma "escalada diplomática e política", além das expulsões do embaixador russo nos EUA e de todos os jornalistas russos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.