Barco com 500 imigrantes desaparece no mar Mediterrâneo

Último contato com embarcação foi na quarta (24), mas entidades de busca não encontraram sinais de naufrágio

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São Paulo

Um barco que transportava cerca de 500 pessoas, incluindo um bebê recém-nascido e mulheres grávidas, desapareceu no mar Mediterrâneo, disseram duas instituições de apoio a imigrantes nesta sexta (26).

O Alarm Phone, grupo que recebe chamadas de navios de imigrantes em perigo, disse ter perdido contato com a embarcação na manhã da última quarta-feira (24). Naquele dia, a embarcação estava à deriva, a cerca de 400 km da ilha da Sicília, no sul da Itália, porque o motor do veículo não estava funcionando.

Barco com cerca de 400 pessoas no mar Mediterrâneo, em abril - Giacomo Zorzi - 10.abr.23/Sea-Watch via Reuters

Um dia depois, a ONG italiana Emergency saiu com navios de resgate para tentar encontrar o barco, mas não encontrou nenhum sinal da embarcação —nem de naufrágio. A entidade, que segue com as buscas nesta sexta, afirma que os imigrantes podem ter conseguido um resgate ou consertado o motor.

Também na quinta, duas operações da Guarda Costeira italiana resgataram mais de mil imigrantes, mas, de acordo com a Alarm Phone, as embarcações não correspondiam ao barco desaparecido.

Os governos europeus adotam uma linha cada vez mais dura em relação à migração, como o da Itália, que neste ano viu mais de 47 mil barcos aportarem no país, ante cerca de 18 mil no mesmo período de 2022.

No ano passado, o número de entradas irregulares em países-membros da União Europeia já havia aumentado. Segundo a agência europeia Frontex, a cifra de chegadas ilegais em nações do bloco em 2022 aumentou 64% em relação ao ano anterior e chegou ao nível mais alto desde 2016, quando o número foi pouco superior a 500 mil. De acordo com o órgão, no ano passado foram registradas 330 mil entradas em condições ilegais. Cerca de 10% dessas migrações foram realizadas por mulheres, e 9%, por menores.

A Grécia enfrenta situação parecida à da Itália. O país é um dos principais pontos de entrada para refugiados de África, Ásia e Oriente Médio. A maioria cruza o mar em barcos infláveis vindos da Turquia para as ilhas gregas periféricas —uma jornada curta, mas perigosa, durante a qual milhares morrem.

Nesta sexta, por exemplo, uma embarcação com 17 pessoas naufragou perto da ilha de Mikonos. Ao menos 12 delas estão desaparecidas, segundo autoridades gregas, que encontraram os corpos de duas mulheres e de um homem no Mar Egeu. Dois homens —um sírio e um palestino— foram resgatados.

Em um exemplo de como o país está tratando a questão, autoridades gregas, segundo reportagem do jornal americano The New York Times, abandonaram imigrantes africanos em um bote no mar em abril, o que configura uma deportação extrajudicial que viola leis internacionais e regras da União Europeia.

A ONG alemã SOS Humanity relatou outro incidente do tipo nesta quinta. De acordo com a organização, 27 migrantes foram recolhidos no mar por um navio petroleiro e levados de volta à Líbia. Segundo o direito humanitário internacional, os migrantes não podem ser devolvidos à força para países onde correm o risco de sofrer maus-tratos graves. A Performance Shipping DS2.F, empresa grega proprietária do navio supostamente envolvido no incidente, não respondeu a um pedido de comentário da agência Reuters.

Com Reuters

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