Camilla será coroada rainha, não mais consorte, apesar de pedido de Elizabeth 2ª

Soberana havia expressado desejo, três meses antes de morrer, que a nora fosse chamada apenas de 'rainha consorte'

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Madri

O rei Charles 3º, 74, depois de ser coroado neste sábado (6), vai contrariar um pedido de sua mãe. Cerca de três meses antes de morrer, Elizabeth 2ª expressou, durante as comemorações de seus 70 anos de reinado, o "desejo sincero" de que a nora, Camilla, 75, fosse considerada rainha consorte após a morte da soberana.

O pedido, porém, não será atendido. Pouco depois de Charles receber formalmente a coroa na Abadia de Westminster, em Londres, será a vez de Camilla ser ungida com o óleo sagrado e receber um anel e um cetro antes de seguir para o trono ao lado do marido.

O rei Charles 3º e a em breve rainha Camilla caminham nos arredores do Palácio de Buckingham, em Londres, perto de homenagens à rainha Elizabeth 2ª pouco após sua morte
O rei Charles 3º e a em breve rainha Camilla caminham nos arredores do Palácio de Buckingham, em Londres, perto de homenagens à rainha Elizabeth 2ª pouco após sua morte - Henry Nicholls - 9.set.22/Reuters

Rainha consorte é o título da esposa de um monarca. Mas "rainha" também pode ser a soberana em pessoa, como a própria Elizabeth 2ª foi —o que não significa que Camilla entrará na linha sucessória. Apesar de o documento oficial que traz a liturgia da cerimônia de sábado se referir a Camilla como consorte, não foi o que se viu nos convites enviados às 2.200 pessoas que irão à Abadia de Westminster.

Neles, se lê: "A coroação de suas Majestades, o rei Charles 3º e a rainha Camilla. Por ordem do rei, o conde marechal tem o prazer de convidar...". No convite, desenhado pelo artista heráldico e ilustrador de manuscritos Andrew Jamieson, a palavra "consorte" desapareceu, misteriosa e oficialmente.

Quando o então príncipe Charles se casou com Camilla, em 2005, assessores reais insistiram que ela não queria ser rainha e disseram que a então sra. Parker Bowles "pretendia" ser conhecida como princesa consorte, a primeira na história britânica.

Foi um pouco mais complicado que isso. Em 1993, quando Charles ainda era casado com Diana Spencer —e Camilla com o militar Andrew Parker Bowles— explodiu o Camillagate, ou Tampongate. Tabloides ingleses publicaram a transcrição de uma conversa íntima entre os amantes, uma conversa que teve o seguinte trecho:

Camilla: "Mmm, eu também. Preciso de você a semana toda. O tempo todo."

Charles: "Oh Deus. Vou viver dentro de suas calças ou algo assim. Seria muito mais fácil!".

Camilla (rindo): "O que você vai virar, uma calcinha? [Ambos riem]. Oh, você vai voltar como um par de calcinhas".

Charles: "Ou, Deus me livre, um Tampax. Que sorte a minha! (risos)".

A humilhação acabou com o casamento de Charles e Diana, e, 12 anos depois, o príncipe se casou com Camilla. Os súditos tiveram dificuldades para aceitar a mulher com quem Charles traía a amada Diana. Por esse motivo, ao se casar com o então príncipe de Gales, Camilla decidiu não usar o título de princesa de Gales, que havia sido usado por Lady Di. Em vez disso, escolheu duquesa da Cornualha.

"Fui escrutinada por tanto tempo que você precisa encontrar uma maneira de viver com isso. Ninguém gosta de ser olhado o tempo todo e, você sabe, criticado... Mas acho que, no final, eu meio que supero isso e sigo em frente", declarou anos depois, em uma entrevista.

No final das contas, a rainha Elizabeth 2ª acabou aceitando a situação e recebeu Camilla na família real. Mas não imaginou que a nora algum dia fosse ostentar o mesmíssimo título que ela carregou por 70 anos.

Casamento de Charles e Camilla, em 9 de abril de 2005 - Alastair Grant/AFP
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