Ausente durante a maior parte dos eventos que celebraram seus 70 anos de reinado, Elizabeth 2ª, 96, fez uma aparição surpresa na varanda do Palácio de Buckingham neste domingo (5), último dia das festividades relacionadas ao Jubileu de Platina.
A monarca usava um vestido verde e estava acompanhada de seu filho Charles, o primeiro na linha de sucessão do trono britânico, ao lado da esposa Camila, além do neto William, com a esposa Kate e os três filhos do casal. Ela sorriu e acenou para a multidão ali presente, que agitava freneticamente bandeirinhas do Reino Unido.
Elizabeth assistiu no Castelo de Windsor à maioria dos eventos que a homenagearam. Alegando desconfortos de mobilidade, a rainha mais longeva do Reino Unido foi representada por seus parentes, em especial os herdeiros Charles e William, além da princesa Anne, nas festividades que tomaram conta do país desde quinta-feira (2).
A breve aparição —foram cerca de 10 minutos, segundo a transmissão da britânica BBC— foi uma maneira de apaziguar a ausência da monarca. Charles, 73, vem aos poucos assumindo as funções públicas da mãe, que chegou a ser internada para realizar exames no ano passado.
O herdeiro, assim como a mãe, goza de popularidade, mas em índices bem menores. Charles tem cerca de 50% de opiniões favoráveis entre os britânicos, de acordo com pesquisa recente do instituto YouGov, enquanto Elizabeth tem 75%. Apenas 32% acham que ele será um bom rei.
A monarca também divulgou um comunicado após o contato com o público. Disse estar profundamente tocada com o fato de tantas pessoas terem comparecido aos eventos em sua homenagem: "Embora eu não tenha participado de todos os eventos pessoalmente, meu coração está com todos vocês; e continuo comprometida em servi-los da melhor maneira possível, com o apoio de minha família."
Disse também esperar que o que descreveu como o "renovado sentimento de união" dos últimos dias "continue por muitos anos". A fala foi semelhante à do príncipe Charles, que pela manhã pediu que o mesmo sentimento de união represente o fim das brigas.
Mãe e filho não detalharam a que se referiam. O Reino Unido, no entanto, vive uma crise do custo de vida, impulsionada pelo aumento da inflação, que, em abril, atingiu seu nível mais alto em mais de 40 anos. E, politicamente, a situação tampouco é favorável.
O premiê Boris Johnson, conservador, entrou numa espiral de crises após participar de festas durante o período de rígidas restrições na Inglaterra para conter a Covid. Consequentemente, perdeu força nas eleições regionais e se viu abandonado por dezenas de correligionários. Foi recebido com vaias durante um serviço religioso em homenagem à rainha na sexta-feira (3).
O último dia das celebrações do jubileu foi um mergulho na história da vida de Elizabeth. Milhares de pessoas acompanharam, ornamentadas com as cores da bandeira britânica, a rota que a rainha fez no dia de sua coroação, há 69 anos, em 1953. Dançarinos vestidos com roupas que marcaram as décadas da rainha no poder caminhavam pela importante avenida Mall, que se estende até o Palácio de Buckingham.
A carruagem Gold State Coach, que levou a monarca para a Abadia de Westminster, quando ela foi coroada, foi vista em público pela primeira vez em cerca de duas décadas, depois de ter sido usada pela última vez no Jubileu de Ouro —50 anos no trono, em 2002.
Por todo o país, foram realizados milhares de almoços e festas de rua para lembrar a monarca. Somente em Windsor, 488 mesas foram colocadas na entrada do castelo onde reside a rainha, e o príncipe Charles e sua esposa foram almoçar em um campo de críquete.
As comemorações do Jubileu de Platina tiveram início na quinta, quando Elizabeth acompanhou, da varanda do Palácio de Buckingham, um desfile militar que reuniu cerca de 1.500 soldados e oficiais. Na sexta, por sua vez, a rainha acompanhou as celebrações de forma remota. Ela foi homenageada em um serviço religioso de ação de graças na Catedral de St Paul, em Londres.
Já no sábado (4), a princesa Anne representou a monarca em uma tradicional corrida de cavalos, e um show, com artistas como a banda Queen & Adam Lambert, foi transmitido e acompanhado virtualmente por mais de 12 milhões de pessoas.
Elizabeth 2ª reinou por mais tempo do que qualquer um de seus antecessores. Ela subiu ao trono aos 25 anos, em 1952, quando estava em viagem oficial ao Quênia, após a morte de seu pai, o rei George 6º.
O país, àquela altura, ainda emergia da devastação da Segunda Guerra Mundial, e Winston Churchill era premiê —a rainha acompanhou 14 primeiros-ministros desde que chegou ao trono.
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