Coroação da rainha Elizabeth 2ª, em 1953, teve Churchill e Assis Chateaubriand

Magnata da comunicação representou o Brasil na cerimônia e deu à soberana um conjunto de joias

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São Paulo

O Reino Unido volta a receber uma espécie de pot-pourri do poder global neste sábado (6). Nos últimos dias, aterrissaram em Londres centenas de chefes de Estado, primeiros-ministros e famílias reais para assistir à coroação do rei Charles 3º, 70 anos depois da última cerimônia do tipo na monarquia mais famosa do mundo.

A expectativa é a de que estejam presentes todos os representantes e líderes religiosos da Commonwealth —associação de 56 países que, quase em sua totalidade, fizeram parte do Império Britânico no passado. O Brasil será representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou nesta sexta (5) a Londres. Estão na lista ainda celebridades como o cantor Lionel Richie, e especula-se que o casal David e Victoria Beckham possa aparecer.

Carruagem da rainha Elizabeth 2ª passa pelo Palácio de Buckingham no dia da sua coroação - 2.jan.1953/AFP

Em 2 de junho de 1953, a rainha Elizabeth 2ª passou pelo ritual, mais de um ano após a morte de seu pai e na primeira coroação televisionada. No dia seguinte, a Folha noticiou que, sob as árvores do trajeto por onde passou a procissão da rainha, havia funcionários da emissora pública BBC, enfermeiros e vendedores de refrigerante, sanduíches, chicletes, binóculos e laranjas.

Winston Churchill, premiê britânico na ocasião, foi um dos convidados a prestigiar a cerimônia. O estadista esteve no poder durante a Segunda Guerra Mundial, quando Reino Unido e aliados enfrentaram a Alemanha nazista de Adolf Hitler, e foi o responsável por criar a expressão "cortina de ferro" para descrever a divisão que se criaria na Europa após o conflito.

O jornal descreve ainda a passagem de tropas de Belize, Ilhas Malvinas, Hong Kong, Gibraltar, Jamaica, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul e Bermudas. "O cortejo dos primeiros-ministros da Commonwealth foi muito maior do que na última coroação. O palácio precisou pedir emprestados aos estúdios de Sir Alexander Korda [diretor de cinema britânico] os 'broughams' [carruagens] que faltavam para os novos membros: Índia, Ceilão [Sri Lanka] e Paquistão", apontou a Folha.

A princesa Marie Louise, neta da rainha Vitória, também estava na coroação —a quarta de que participava aos seus 80 anos. Compareceu ainda Jawaharlal Nehru, líder do movimento da independência da Índia, país que em 1953 completava seis anos de emancipação. Na época, ele era premiê indiano, cargo que inaugurou na nação e no qual permaneceu até 1954.

Getúlio Vargas, então no seu segundo período na Presidência do Brasil, enviou o senador e magnata da comunicação Assis Chateaubriand para representar o país, e o empresário presenteou a rainha com um jogo de tiara, colar, pulseira e brincos com pedras de águas marinhas. A soberana usaria o conjunto em diversas ocasiões, inclusive quando recebeu Lula para um banquete no Palácio de Buckingham, em 2006.

A coroação de seu pai e antecessor, George 6º, no dia 12 de maio de 1937, teve a presença da própria rainha, então aos 11 anos, e de figuras como Yasuhito, príncipe Chichibu do Japão. Ele era neto de Meiji, o Grande, imperador japonês entre 1867 e 1912 —período de grandes transformações em que o país deixou de ser uma nação feudal e se abriu para o mundo como uma potência.

A festa, registrou a Folha, tinha mais de um milhão de pessoas e clima de carnaval, em contraste com os "tradicionalmente insensíveis" rostos britânicos. Onipresentes em multidões desde então, já participavam da cerimônia também os vendedores ambulantes, que ofertavam chocolates, folhetos com a programação do dia, fotos das princesas e rudimentares periscópios para quem quisesse enxergar melhor.

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