Crise provocada por Guerra da Ucrânia turbina atos de 1° de Maio na Europa

Sindicatos se fortalecem em meio a descontentamento de trabalhadores com seus governos

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RFI

Depois de anos de relativa letargia ou interrupção, os movimentos trabalhistas estão renascendo das cinzas. Diante de uma inflação galopante turbinada pelas consequências da Guerra da Ucrânia, movimentos sindicais vêm crescendo em toda a Europa.

Líderes sindicais se reúnem em Paris, na França - Alain Jocard/AFP

Além dos sindicatos tradicionais, surgem cada vez mais movimentos alternativos buscando congregar os imigrantes que chegam ao continente de todos os lados, fugindo de guerras ou da piora nas condições de trabalho e de sobrevivência em muitos países.

Além dos ucranianos, continuam refugiados da África e do Oriente Médio ainda chegam em levas. Os naufrágios trágicos no Mediterrâneo continuam, sem trégua.

"Solidários para sempre"

Em Berlim, a DGB, central sindical alemã, lançou o mote "Ungebrochen Solidarisch", "Solidários para Sempre". Como em anos anteriores, a passeata da DGB termina numa grande festa, com muita música e cerveja, por volta de 12h, junto ao Portão de Brandemburgo.

À tarde, há manifestações alternativas em bairros populares como Kreuzberg e Neuköln. E, no final do dia, grupos radicais, em geral de inspiração anarquista, realizam novas passeatas partindo destes bairros —os atos costumam terminar em violência e repressão por parte da polícia.

O quebra-quebra, aliás, já começou nesse domingo (30), quando se comemora a chamada "Noite de Walpurgis", ou "Noite das Bruxas", em que manifestantes quebram vitrines e incendeiam carros.

Atos em outros países europeus

Na França, as manifestações têm por tema dominante os protestos contra a reforma da Previdência, que aumentou a idade mínima das aposentadorias para 64 anos, e o aumento do custo de vida, sobretudo de alimentos, energia e combustíveis.

Na Itália, as três grandes centrais sindicais, CGIL, CISL e UIL, lançam neste 1º de Maio uma campanha unificada pela valorização do trabalho que deve se estender pelo restante do ano.

Na Espanha e em Portugal, os trabalhadores vão às ruas por melhores salários, mas também pedindo mais solidariedade para com os refugiados e os jovens.

Em Londres, ocorre uma grande manifestação que converge para a Praça de Trafalgar, no centro da cidade, reivindicando, além de reajustes ou aumentos de salário, melhores condições de trabalho, mais qualidade nos serviços à população e a manutenção de empregos.

A guerra entre Moscou e Kiev não parece ter data para acabar, comprometendo as importações de grãos, em geral provenientes da Ucrânia, e de fertilizantes e gás, que costumavam vir sobretudo da Rússia, nos países europeus. Isso significa que a inflação, puxada pelos preços de produtos agrícolas e de energia, vai continuar em alta, alimentando a carestia e os protestos.

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