Menino de 13 anos mata 9 pessoas em escola na Sérvia

Oito alunos e um segurança foram mortos, e um professor e outros seis estudantes, hospitalizados

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Belgrado | Reuters e AFP

Um menino de 13 anos atirou em uma professora de história numa escola de ensino fundamental no distrito de Vracar, no centro de Belgrado, capital da Sérvia, nesta quarta-feira (3). Em seguida, ele abriu fogo contra os demais presentes no local. O incidente se deu às 8h40 do horário local (3h40 em Brasília).

No total, oito alunos e um segurança do colégio foram mortos, de acordo com o Ministério do Interior do país, que acrescentou que o garoto utilizava uma pistola que pertence ao pai dele. Já a professora atingida está em estado grave e foi hospitalizada, assim como outros seis estudantes feridos.

Mulheres reagem à notícia de que estudante de 13 anos abriu fogo em escola no centro de Belgrado, na Sérvia - Djordje Kojadinovic/Reuters

Segundo Milika Asanin, diretora do principal hospital de Belgrado, vários dos feridos tiveram de passar por cirurgias. "Um estudante está em estado grave, com ferimentos de bala no peito e no pescoço, e outro foi ferido na parte inferior da perna", disse ela ao canal estatal de notícias RTS. "Uma outra aluna foi ferida no estômago e nos braços, enquanto a professora foi atingida no estômago e nas mãos."

Uma jovem que frequenta uma instituição de ensino médio próxima ao colégio Vladislav Ribnikar, no qual o ataque ocorreu, disse à RTS que a princípio viu crianças correndo e, depois, pais em pânico chegando ao local. Em seguida, relatou, ouviu o som de três disparos.

A polícia informou que um estudante do sétimo ano foi encontrado no pátio da escola e detido, assim como o pai dele. À imprensa o chefe da polícia local, Veselin Milic, afirmou que o atirador levava duas armas e dois coquetéis molotov, num plano que "tinha até os nomes das crianças que queria matar e suas turmas".

O jovem completará 14 anos no próximo dia 30 de julho, idade mínima para que alguém possa ser responsabilizado criminalmente na Sérvia. Como ainda tem 13 anos, ele será levado a uma instituição psiquiátrica, segundo o presidente sérvio, Aleksandar Vucic.

Milan Milosevic, pai de uma estudante que está na turma alvo do tiroteio, afirmou à rede N1 que o suposto atirador chegou recentemente à escola e é quieto, além de bom aluno, relato corroborado por Eugenija, 14, que disse à agência de notícias Reuters que conhecia o garoto acusado de ser o responsável pela ação.

"Ele era meio quieto, parecia legal e tinha boas notas. Não o conheço muito bem, não é uma pessoa aberta a todos. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer", afirmou ela. "Ouvi barulhos e pensei que uns meninos estivessem atirando fogos de artifício, só por diversão, mas cheguei perto e vi o guarda no chão."

Agentes com capacetes e coletes à prova de balas isolaram a área ao redor da escola, para onde foram enviadas várias ambulâncias para transportar os feridos, diante dos olhares de pais atônitos.

A polícia disse que uma investigação acerca dos motivos por trás do episódio está em andamento. Todas as escolas de Belgrado foram fechadas após o ataque, de acordo com a imprensa estatal, e o ministro da Educação, Branko Ruzic, declarou três dias de luto nacional a partir de sexta (5) após classificar o episódio como a maior tragédia já ocorrida no sistema escolar sérvio.

Milan Nedeljkovic, chefe do município de Vracar, disse que o guarda da escola que foi morto "tentou evitar a tragédia e se tornou a primeira vítima". "A tragédia provavelmente teria sido ainda maior se esse homem não tivesse ficado na frente do jovem que estava atirando."

Astrid Merlini, que tem uma filha matriculada na escola atacada, acrescentou que os professores rapidamente esconderam as crianças durante o tiroteio. "Quando minha filha viu o segurança cair, correu de volta para a sala. Assustada, contou à professora que um tiroteio estava acontecendo", afirmou ela. "A professora imediatamente colocou as crianças a salvo, ao trancar a sala."

Ainda segundo as autoridades locais, o pai do atirador disse que as armas estavam guardadas em um cofre com senha, mas, ao que tudo indica, o filho conhecia o código.

A chancelaria da França informou que uma das estudantes mortas no ataque era cidadã francesa e disse, em nota, que estava trabalhando para fornecer todo o apoio possível à família da vítima.

Ataques a tiros são relativamente raros na Sérvia, que tem leis rígidas acerca da compra e da utilização de armas. Além disso, o governo permitiu diversas vezes que proprietários de equipamentos ilegais os registrassem sem qualquer tipo de represália. Nos Balcãs circula, contudo, um grande número de artefatos ilegais, remanescente das muitas guerras e conflitos ocorridos na região na década de 1990.

No caso mais letal na Sérvia desde então, Ljubisa Bogdanovic matou 14 pessoas no vilarejo de Velika Ivanca, em 2013. Antes, em 2007, Nikola Radosavljevic matou nove pessoas e feriu cinco em Jabukovac. Em 2015, Rade Sefer matou seis convidados do casamento de seu filho, em Senta, e, um ano depois, Sinisa Zlatic matou cinco pessoas com uma espingarda em Zitiste. Todos os agressores eram adultos.

Com The New York Times

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