Figurino da coroação do rei Charles 3º tem peça de mais de 200 anos; veja

Monarca ainda reutilizará cinta e luva feitos para cerimônia de seu avô, George 6º, em prol da sustentabilidade

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São Paulo

Enfim revelado nesta segunda (1º) pelo Palácio de Buckingham, o figurino usado pelo rei Charles 3º em sua cerimônia de coroação será de peso —figurativamente, já que boa parte dos artigos, senão todos, foram usados por outros monarcas em suas coroações.

Trata-se de uma tentativa do monarca, conhecido por seu engajamento na causa ambiental, de tornar o evento mais sustentável.

E também literalmente. Incluindo a coroa, que pesa pouco mais de dois quilos, os itens a serem usados somam pelo menos sete quilos.

Trajes que Charles 3º usará em sua coroação na Abadia de Westminster, chamados de sobretúnica (à esq.) e manto real ou manto imperial (à dir.), são exibidos na sala do trono do Palácio de Buckingham, em Londres - Victoria Jones - 26.abr.23/via Reuters

A etapa do evento em que Charles veste os trajes é chamada de investidura. Ele a inicia colocando uma peça branca sem mangas que lembra uma camisola e é conhecida como "colobium sindonis" (em latim, algo como túnica de proteção). Roupa mais simples de toda a cerimônia, ela simboliza o despojamento da vaidade mundana para estar diante de Deus.

Sobre a camisola vem a chamada sobretúnica, um manto de seda dourado adornado por uma faixa bordada com espirais. A peça foi encomendada para a coroação do rei George 5º em 1911 e usada em todos os eventos do tipo desde então. Seu formato, no entanto, data de ainda antes disso, da era medieval.

Em seguida, Charles tem os ombros cobertos pela estola da coroação, uma faixa de seda dourada bordada estreita que, assim como a "colobium sindonis", também remete a uma batina sacerdotal.

Depois, o príncipe William, o próximo da linha sucessória, ajuda o pai a vestir o manto real, ou imperial. Tecido com fios de ouro e pesando entre três e quatro quilos, ele é decorado com ícones associados à realeza britânica, como rosas Tudor e trevos, e é preso ao peito com um fecho no formato de uma águia dourada, outro emblema que se repete em vários outros itens do figurino da coroação.

O manto, aliás, é a peça mais antiga da cerimônia, tendo sido feito à mão para a coroação de George 4º, em 1821.

Em seguida, o manto real é envolvido por uma cinta também dourada. A peça inclui um espaço para a Espada da Oferenda, que representa a capacidade do soberano de decidir entre o bem e o mal.

Mais ou menos no mesmo momento, o monarca tem sua mão direita calçada com uma luva de couro branco com punho grande, num modelo típico da era medieval. É com esta mão que Charles segurará o cetro durante a coroação de fato. A função do acessório é lembrá-lo de ser gentil ao aumentar impostos —tarefa que, na prática, não cabe mais ao monarca britânico.

A cinta e a luva costumavam ser feitas sob medida para cada rei. Foram esses os itens que Charles decidiu reutilizar em nome da sustentabilidade, repetindo, desse modo, as mesmas peças feitas para a coroação de George 6º, em 1937 —seu avô e também último monarca homem.

É só depois disso tudo e de ganhar as demais joias da realeza que Charles tem a coroa de Santo Eduardo, peça de ouro maciço fabricada em 1661, colocada sobre a sua cabeça. A coroação de fato é então seguida da tradicional "homenagem dos pares".

Em cerimônias anteriores, esta era a hora em que membros da família juravam lealdade ao novo monarca. Desta vez, porém, o juramento será realizado pelo povo britânico —todos os presentes na Abadia de Westminster, assim como espectadores do evento de todo o mundo, serão convidados a realizá-lo.

Com Reuters

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que afirmava versão anterior deste texto, o manto real foi feito para a coroação do rei George 4º, não George 5º.

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