Pobreza leva mais portugueses com formação superior a pedir ajuda

Alimentação é a principal necessidade dos que procuram auxílio, diz ONG do país europeu

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Público

Há cada vez mais portugueses com formação superior pedindo ajuda devido à pobreza, alertou nesta quarta-feira (10) a AMI (Assistência Médica Internacional). A organização destacou que salários "muito baixos" não estão cobrindo as necessidades básicas no país europeu.

"Já começam a aparecer aqui números preocupantes de pessoas que têm uma escolaridade mais avançada, um letramento maior. Até pessoas com nível superior, mas que não conseguem algo compatível com a sua formação, ou até conseguem, mas com salários muito baixos", afirmou a diretora da AMI, Salomé Marques, no Centro Porta Amiga de Chelas, em Lisboa.

Uma pessoa em situação de rua dorme na Praça Rossio, a principal da capital portuguesa, Lisboa - Rafael Marchante - 16.mar.20/Reuters

"O [pedido] flagrante é a alimentação. (...) Depois, durante o atendimento, percebemos que, além da alimentação, há uma série de necessidades, como água, luz, gás, medicação e, às vezes, exames que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não cobre", afirmou.

A responsável disse também que a ONG tem recebido mais pedidos para apoio psicológico. "Sentimos a saúde mental das pessoas cada vez mais fragilizada. Isso é muito preocupante, porque não há emprego, não há poder econômico e claro que toda a estabilidade emocional fica afetada. Acaba sendo uma bola de neve", afirmou. Segundo Marques, a situação de pobreza em Portugal deve "agravar-se mais" no futuro.

Segundo um relatório da ONG publicado no final de abril, 5.409 pessoas recorreram aos serviços sociais da AMI no primeiro trimestre deste ano, das quais 533 procuraram apoio pela primeira vez —aumento de 46% em comparação ao mesmo período do ano passado. Os casos de pessoas em situação de rua, por sua vez, aumentaram 53% no mesmo recorte de tempo.

Das pessoas que receberam apoio, 2.692 são homens, e 2.717, mulheres. A maioria está em idade ativa, entre os 16 e os 66 anos (70%), seguida do grupo de menores de 16 anos (21%) e dos maiores de 66 anos (7%). Além disso, a maior parte é de Portugal (79%), enquanto 6% são de países africanos lusófonos.

No que diz respeito ao emprego, 43% das pessoas com mais de 16 anos não exercem qualquer atividade profissional e 41% não têm formação profissional. De acordo com a AMI, os recursos econômicos de 18% dos atendidos vêm do Rendimento Social de Inserção, um programa social português; 10%, de pensões e reformas; e 5%, de subsídios e apoios institucionais.

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