Premiê da Grécia vence eleição sem maioria, recusa coalizão e pede nova votação

Mitsotakis obtém ampla vantagem, com 40% dos votos, mas fica a cinco cadeiras de consolidar governo no Parlamento

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Atenas | AFP

O premiê da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, obteve vitória por ampla vantagem nas eleições locais realizadas neste domingo (21), mas o resultado foi insuficiente para obter a maioria absoluta do Parlamento e garantir extensão do mandato por outros quatro anos.

Nesta segunda-feira (22), Mitsotakis, que também é líder do partido Nova Democracia (ND), recusou-se a buscar uma coalizão e propôs a realização de um segundo turno para tentar, enfim, concretizar a vitória.

A legenda governista, de direita, obteve 40,8% dos votos, segundo os resultados finais do pleito. Principal opositor, o partido de esquerda Syriza, liderado pelo ex-chefe de governo Alexis Tsipras, sofreu um duro revés ao obter apenas 20% dos votos.

O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, deixa o palácio presidencial em Atenas após encontro com a presidente Katerina Sakellaropoulou - Louisa Gouliamaki/AFP, em 22/05/2023

Mitsotakis governa a Grécia desde 2019 e esteve perto de obter a maioria absoluta com as 146 cadeiras obtidas. Ele precisava de somente mais cinco para formar um novo governo.

O primeiro-ministro se encontrou com a presidente grega, Katerina Sakellaropoulou, nesta segunda-feira e propôs a realização de um novo pleito, possivelmente em 25 de junho. Ele alegou que não havia como formar um novo governo sob o atual Parlamento e chamou o resultado da eleição de "terremoto político".

"Juntos, lutaremos para que, nas próximas eleições, o que os cidadãos já decidiram se confirme matematicamente", disse o líder conservador.

A Constituição local prevê que a presidente dê até três dias para que os partidos busquem coalizões, de modo a obter a maioria e encerrar a eleição. Todos os líderes partidários, porém, indicaram que não farão negociações —o que inviabiliza o governo majoritário do premiê.

O jornal pró-governo Protothema apontou que a diferença de 20 pontos percentuais entre os dois principais partidos foi a maior registrada desde a restauração da democracia na Grécia, em 1974.

O premiê passou por uma crise política em março passado, quando viu a população sair às ruas contra a resposta do governo ao acidente ferroviário que matou 57 pessoas próximo à cidade de Larissa —a cerca de 350 km ao norte da capital, Atenas.

Mitsotakis chegou a pedir desculpas aos familiares das vítimas pela tragédia, considerada a maior desse gênero no país. Depois, o governo atribuiu o acidente a um erro humano. Os trens percorreram o mesmo trilho por quilômetros, sem que ninguém percebesse, e colidiram frontalmente.

Já o ex-premiê Alexis Tsipras exortou seus apoiadores a travarem "uma segunda luta eleitoral crucial". Tudo indica que os gregos nunca o perdoaram pelo resultado de sua disputa com a União Europeia durante as turbulentas negociações do plano de resgate de 2015.

Naquela época, o país estava atolado em uma grave crise financeira e prestes a sair do euro. Por sua vez, as ações dos principais bancos gregos na bolsa de valores tiveram salto nesta segunda-feira com o resultado das eleições, o que demonstra otimismo dos investidores com a vantagem do grupo de direita.

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