Descrição de chapéu Rússia

Procurador cita falta de evidências para indicar conluio entre Trump e Rússia em 2016

Ex-presidente diz em suas redes sociais estar satisfeito com resultados do documento

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São Paulo

O FBI carecia de "evidências reais" e se baseou em demasia em dicas dadas por oponentes políticos para investigar a campanha presidencial de 2016 do republicano Donald Trump, concluiu o procurador americano e conselheiro especial John Durham em um relatório divulgado nesta segunda-feira (15).

O documento é o desfecho de uma investigação que começou em maio de 2019, quando o então secretário de Justiça William Barr nomeou Durham para investigar eventuais erros cometidos no inquérito que ficou conhecido como Crossfire Hurricane. A apuração do FBI tratava de uma possível relação entre a campanha de Trump em 2016 e a Rússia —a investigação seria posteriormente entregue ao procurador especial Robert Mueller, que, em março de 2019, concluiu que não havia evidências de uma conspiração.

Agora, Durham conclui em um novo relatório de 306 páginas que a inteligência americana não possuía nenhuma "evidência real" de conluio antes do lançamento do Crossfire Hurricane.

O procurador especial John Durham deixa tribunal em Washington - Julia Nikhinson - 17.mai.22/Reuters

Em suas redes sociais nesta segunda-feira, Trump disse estar satisfeito com o documento divulgado, que provavelmente se tornará mais uma arma política de sua campanha para voltar à Casa Branca —o republicano pretendia usar o relatório já nas eleições de 2020, quando perdeu para o democrata Joe Biden.

O jornal The New York Times aponta que, além de não trazer novas descobertas, o documento repete uma teoria da conspiração ao afirmar que a apuração foi desencadeada em julho de 2016 pelo Dossiê Steele, investigação financiada indiretamente por Hillary Clinton, derrotada por Trump na eleição. Tal dossiê, reconheceu Durham no relatório, não havia chegado aos investigadores até setembro do mesmo ano.

"O FBI demonstrou uma grave falta de rigor analítico em relação às informações que receberam, especialmente informações de pessoas e entidades politicamente afiliadas", sustenta o procurador. Em resposta ao relatório, a agência disse que implementou dezenas de ações corretivas já em vigor.

O relatório foi divulgado ao Congresso depois de ter sido entregue ao atual secretário de Justiça, Merrick Garland, na última sexta-feira (12). O presidente do Comitê de Justiça da Câmara, o republicano Jim Jordan, afirmou no Twitter que convidou Durham para testemunhar na próxima semana.

Apesar do alvoroço entre republicanos, a investigação falhou em produzir um impacto significativo após dois grandes reveses de Durham. Em um deles, um júri de Washington absolveu o ex-advogado de campanha de Hillary Clinton, Michael Sussmann, da acusação de que ele havia mentido ao FBI ao mencionar uma possível interlocução entre empresas de Trump e um banco russo.

No outro, um júri da Virgínia também absolveu o investigador russo Igor Dantchenko, acusado de mentir sobre fontes de informação ao ser entrevistado pela agência americana —as considerações de Dantchenko foram usadas no Dossiê Steele. Esse relatório, escrito pelo ex-oficial de inteligência britânico Christopher Steele, também alegava que houve ligação entre a campanha eleitoral de Trump em 2016 e a Rússia, com descrição de detalhes graves, muitos dos quais nunca comprovados.

Uma investigação do inspetor-geral do Departamento de Justiça sustenta que o FBI seguiu confiando em alegações infundadas do dossiê quando pediu mandados para monitorar comunicações de Carter Page, ex-conselheiro de campanha de Trump. Por outro lado, Durham conseguiu nos tribunais a confissão de culpa do ex-advogado do FBI Kevin Clinesmith, condenado a um ano de liberdade condicional ao admitir, em 2020, que havia alterado um email usado para justificar um pedido de escuta telefônica para Page.

Com Reuters

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